Messi é mais Maradona com Sabella do que foi com o próprio Maradona

Do UOL, em São Paulo

Lionel Messi passou a ser um dos melhores jogadores do mundo em 2007. Via-se no jovem de 19 para 20 anos aquele que poderia chegar mais próximo do nível de Diego Maradona, herói nacional e melhor jogador da história do esporte na visão dos argentinos. Chegou. O que Messi já fez pelo Barcelona é algo que Maradona nunca passou perto de fazer por clube nenhum. E se o fracasso pela seleção é o que ainda coloca Lionel abaixo de Diego na disputa, a Copa do Mundo de 2014 pode ser o marco para que o novo ídolo desbanque o antigo. E tudo devido ao técnico Alejandro Sabella, que fez de Messi algo mais próximo de Maradona, como jogador, do que o próprio Maradona conseguiu fazer, quando treinou a seleção nacional na Copa de 2010.

Diego Maradona havia tido apenas duas breves experiências como treinador, havia mais de dez anos, quando foi escolhido para comandar a seleção argentina, em 2008. Em três anos, não demonstrou habilidade tática, mas impôs a influência de um super-heroi. No entanto, não conseguiu fazer do indiscutível melhor jogador do mundo – Lionel Messi – um grande jogador da Argentina.

A Argentina do técnico Diego Maradona tentava colocar os melhores em campo, e não um sistema tático comum. Maradona escalou o time assimétrico na Copa de 2010. Um lateral direito extremamente ofensivo, um esquerdo completamente defensivo. No meio de campo, Javier Mascherano como primeiro volante fixo à frente da zaga, um segundo volante pela direita e Ángel Di Maria aberto pela esquerda, tentando compensar a zaga desbalanceada. Messi, então, jogava distante de sua melhor posição. Quando já era falso 9 do Barcelona, mais ofensivo do ataque de Pep Guardiola, teve que jogar como meio campista da Argentina. Foi meia, atrás de Carlos Tévez e Gonzalo Higuaín, atacante. E saiu da Copa como aquele que não rendeu na seleção aquilo que rendia no clube.

Obviamente, a culpa foi menos do próprio Messi do que de Maradona. Mas é impossível contrariar ou apontar dedos ao herói nacional, tratado como divindade. Restou ao mortal Alejandro Sabella fazer o óbvio: abdicar de um atacante, por mais que se tenha no mundo diversos argentinos qualificados para atuar na seleção. Tévez ficou fora da Copa de 2014 e abriu espaço para que Messi jogasse mais próximo do que faz no Barcelona. Na vitória contra a Bélgica, pelas quartas de final, neste sábado, o mapa de calor que mostrou a movimentação de Messi deixou claro: ele ocupou quase o mesmo espaço de Higuaín, apenas não entrou tanto na pequena área. Quando o companheiro saiu, jogou como falso 9.

Mais avançado, com mais gente para assessorá-lo do que para ser assessorada, Messi rende mais. Pode não ter dado o brilho que dá frequentemente no Barcelona, mas foi totalmente decisivo em quatro das cinco partidas da Argentina. Decisivo a ponto de, pela primeira vez, se aproximar daquilo que Maradona fez pela Argentina, levando a seleção ao título de 1986 como protagonista.

A semifinal entre Argentina e Holanda – venceu a Costa Rica nos pênaltis – acontece na próxima quarta-feira, em São Paulo, no Itaquerão. 

Diego Maradona
Diego Maradona

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