Casos semelhantes na Copa mostram que punição a Zuñiga é improvável
Pedro Lopes
Do UOL, em São Paulo
Neymar fraturou a vértebra na partida diante da Colômbia e a Fifa prometeu analisar as imagens da partida para decidir se aplica uma punição ao colombiano Camilo Zuñiga. Mas, se depender dos critérios adotados pela entidade até agora na Copa do Mundo do Brasil, a entrada que tirou o brasileiro da competição ficará impune.
É verdade que a Copa de 2014 teve a maior punição disciplinar da história dos Mundiais: o uruguaio Luis Suárez pegou nove jogos e mais quatro meses pela mordida no italiano Chiellini. Além disso, o camaronês Song, que deu um soco no croata Mandzukic em lance longe da bola, pegou três partidas de gancho.
Quando o incidente vem em uma jogada com a bola rolando, porém, a história é outra: até agora, quatro jogadores, além de Neymar, sofreram fraturas após entradas duras. E em nenhuma delas o agressor recebeu qualquer tipo de punição adicional à dada pelo árbitro - mesmo quando a Fifa investigou o assunto. Mas mesmo com todo esse retrospecto, o médico da seleção brasileira José Luiz Runco pensa diferente: "Em relação a esse atleta que fez o traumatismo no Neymar, eu acredito que a Fifa vá dar uma punição", falou.
1. Bruno Martins Indi (HOL): traumatismo craniano
Uma das cenas mais impressionantes da Copa envolveu o zagueiro Bruno Martins Indi, da Holanda, que sofreu traumatismo craniano leve durante a partida contra a Austrália, na segunda rodada da primeira fase. Ele desmaiou após bater a cabeça no chão, derrubado por uma entrada dura do atacante Cahill - que levou apenas o amarelo pela jogada. Ele ficou alguns segundos desacordado, passou a noite no hospital e, após se recuperar da fratura no crânio, voltou a campo nas oitavas de final, diante do México.
2. Ogenyi Onazi (NIG): fratura na tíbia
O lance aconteceu na partida entre Nigéria e França, pelas oitavas de final. Uma entrada violentíssima do francês Matuidi fraturou a tíbia, o osso da canela, do volante nigeriano. Para Matuidi, o cartão amarelo ficou barato: a Fifa chegou a analisar imagens do caso, mas decidiu não dar nenhuma punição ao jogador.
3. Vanden Borre (BEL): fratura na fíbula
A Copa do Mundo durou três jogos para o lateral direito belga Anthony Vanden Borre. Após uma entrada do sul-coreano Young-gwon, ele fraturou a fíbula, o osso da perna, na última partida da fase de grupos. Borre ficou de fora do resto do Mundial. A Coreia do Sul saiu na primeira fase e ninguém falou em punição pelo incidente a Young-gwon, quem nem mesmo amarelo pelo lance levou.
4. Von Bergen (SUI): fratura no osso orbital
O caso do zagueiro suíço Steve Von Bergen é mais chocante: em uma dividida com o atacante francês Giroud, em jogo pela primeira fase do Grupo E, o defensor levou um chute acidental na cara. O resultado foi uma fratura no osso orbital (que aloja os olhos) e o adeus à Copa do Mundo para Von Bergen. Giroud, que não levou amarelo, se desculpou via SMS e atuou normalmente pela França até a eliminação diante da Alemanha, nas quartas.
Copa teve fraturas inusitadas
Além dos quatro incidentes, a Copa teve outras duas fraturas em que não é possível pensar em punição. O nigeriano Babatunde sofreu uma lesão no pulso, foi causada por uma bolada. E não dá para discutir se foi ou não intencional: o autor do chute foi seu companheiro de equipe Onazi.
Já o zagueiro mexicano Hector Moreno também fraturou a tíbia nas oitavas de final diante da Holanda. Moreno, porém, se machucou quando tentou dar uma dura entrada no holandês Arjen Robben, dentro da área. Os jogadores da equipe laranja pediram pênalti no lance, mas o árbitro não deu ouvidos.