Petista deseja morte a colombiano que lesionou Neymar e pede perdão
Adriano Wilkson
Do UOL, em São Paulo
Em duas mensagens publicadas no Twitter na noite de sexta-feira, a advogada e militante Luisa Helena Stern desejou que Juan Camilo Zuñiga não saísse vivo do Brasil e que tivesse o mesmo destino de Andrés Escobar, o zagueiro colombiano assassinado depois da Copa de 1994.
As palavras foram escritas após a vitória da seleção brasileira sobre a Colômbia em Fortaleza, quando Zuñiga deu uma joelhada nas costas de Neymar e o tirou do restante do Mundial. Depois, ela se desculpou e se disse mal compreendida.
Stern é candidata pelo PT à Câmara dos Deputados do Rio Grande do Sul – a campanha começará neste domingo. Suas mensagens foram alvo de muitas críticas na rede social de maneira que a militante, que defende causas ligadas aos Direitos Humanos, precisou escrever um post em seu blog no qual diz que as palavras foram escritas "no calor do momento" e que não devem ser levadas a sério.
"Quero dizer que essas expressões foram postadas no calor do momento, em tom de desabafo e no contexto de pós-jogo, com [...] sentido figurado [...] e que em nenhum momento desejei a morte ou violência real praticada contra esse atleta ou contra qualquer outra pessoa", escreveu a pré-candidata.
muerte a @camilozuniga18, que não saia vivo do Brasil e se sair, que nunca mais volte a cometer futebol !
— Luísa Helena Stern (@Luisa_Stern) July 5, 2014
desejo que o @camilozuniga18 tenha o mesmo fim do Escobar... com a diferença que o outro era inocente...
— Luísa Helena Stern (@Luisa_Stern) July 5, 2014
Mesmo assim, houve muitas postagens de repúdio às declarações. A militante disse que também foi alvo de ofensas em relação à sua condição de gênero, já que ela é transexual. Em sua página no Facebook, é possível ler algumas mensagens com ofensas variadas.
A advogada disse que o episódio está sendo usado politicamente. "O fato de eu ser petista e transexual tem aparecido em quase todas as ofensas que recebo", afirmou ela em entrevista ao UOL Esporte, via Facebook. "Na campanha de 2010, já houve muito ódio disseminado, especialmente contra a Dilma. Hoje, parte desse ódio se volta contra mim, somado com o preconceito em relação à sexualidade."
Mas Stern chegou a se desculpar pelo que escreveu sobre Zuñiga.
"Se ainda assim, ainda houver alguém que não conseguiu entender essa frase dentro do contexto que foi usada, eu me desculpo publicamente e reitero que foi apenas algo publicado em tom de desabafo, sem qualquer desejo concreto de que se torne realidade", escreveu.
Ataques a Zuñiga
Depois de lesionar Neymar, o lateral colombiano virou uma espécie de vilão nacional. Sua página na rede social Instagram foi inundada com ofensas, algumas racistas, outras xenófobas. Torcedores chegaram a ameaçar de estupro a filha dele, uma criança de poucos anos de idade.
Logo depois da partida, o colombiano disse que não teve intenção de machucar Neymar e desejou rápida recuperação ao atacante brasileiro.
Questionada sobre se suas declarações não poderiam incentivar mais agressões ao colombiano, Stern disse que não. "Eu não tenho todo esse poder. O que pode aumentar é a divulgação distorcida e maliciosa feita por algumas pessoas. Eu já me desculpei, explicando a forma e o momento em que aquilo aconteceu, mas tem um grupo de pessoas que não está interessado nas desculpas, apenas em incentivar mais agressões, inclusive contra mim."
"Eu sei que uma coisa não justifica a outra, mas é preciso lembrar que muita gente xingou o Zuñiga desde ontem, inclusive com ameaça aos filhos dele (coisa que eu não fiz e não aprovo) e o destaque dado às minhas postagens foi muito maior do que em relação à maioria das outras pessoas."