Imprensa argentina se mostra cética e não vê Argentina na final da Copa
Jeremias Wernek
Do UOL, em Belo Horizonte
Que a seleção argentina ainda precisa convencer nesta Copa do Mundo todos concordam. Mas ao contrário do que se pode imaginar, os primeiros que necessitam de uma boa dose de esperança são os jornalistas hermanos. A mídia da Argentina está cética quanto ao futuro do time dirigido por Alejandro Sabella, mesmo que tenha esperanças de uma redenção fulminante contra a Bélgica, nas quartas de final. O conceito geral é de que, neste momento, a equipe não tem condições de chegar à final do Mundial.
Os reclames ficam concentrados na dependência de Messi e no baixíssimo rendimento ofensivo. O sofrimento vivido diante da Suíça nas oitavas de final, onde o gol salvador saiu no final da prorrogação, é citado como síntese da dor de cabeça.
"O time está ganhando todos os jogos pelo placar mínimo e com muito sofrimento. Tenho que analisar com os pés no chão e fazendo isto, não vejo a seleção argentina no mesmo nível de Holanda, Alemanha e França. Está muito abaixo do que se esperava", analisou Daniel Avellaneda, do diário Clarín.
Ainda na fase de grupos, depois de uma estreia tímida contra a Bósnia-Herzegovina e um triunfo no último minuto diante do Irã, a ideia era de a Argentina iria atuar mais encarando adversários não tão retrancados. Mas a vitória em cima da Nigéria, por 3 a 2, também deixou preocupações no ar.
"Analisando as atuações da seleção recentemente você não tem muitos sinais para ser otimista", resumiu Fernando Czyz, do site Canchallena – vinculado ao jornal La Nación. "A única coisa boa no time é Romero, que chegou criticado e vem fazendo uma boa Copa. Di Maria parece um trem desgovernado, corre até não poder mais sem destino. Se depende muito de Messi e a falta de gols de Higuain incomoda", completou.
Quando indagados diretamente sobre o otimismo ou não com a seleção, todos os jornalistas precisam de alguns segundos para responder. É o tempo de calcular com frieza aquilo que o campo está mostrando com o que desejam. A luta do cérebro enrola a língua em alguns casos.
"É, otimista você sempre tem que ser. Mas esta seleção não passa segurança, isto é fato. Estamos inseguros, as atuações não são boas, porém existem individualidades que podem decidir. Elas estão decidindo até agora. Se a Argentina passar pela Bélgica, vai crescer. Aposto que vai crescer muito. Mas precisa vencer", comentou Fernando Tartaglia, da rádio América y Closs.
Se ganhar da Bélgica deixa os argentinos incertos, pensar em uma final – e contra o Brasil, é tema proibido. Não por superstição ou algo do gênero, mas por simplesmente não haver convicção alguma de que o lugar na decisão esteja próximo das mãos de Messi e companhia.
"Tomara que a seleção ganhe da Bélgica e depois me surpreenda contra a Holanda (que encara Costa Rica nas quartas de final). Mas neste momento não acredito que se consiga chegar à final", disparou Avellaneda. "Até agora não se tem argumento para imaginar uma final assim, mas eu torço para que aconteça", se limitou a dizer Czyz.
A seleção da Argentina embarca para Brasília nesta quinta-feira, no final da tarde. Na sexta realiza um treinamento no estádio Mané Garrincha e no sábado, às 13h, encara a Bélgica. Por uma vaga na semifinal da Copa e para dar uma dose de esperança aos torcedores e jornalistas.