Meia belga já teve que trocar de time para fugir do assédio das mulheres

Jeremias Wernek

Do UOL, em Belo Horizonte

  • AFP

    Muçulmano, Fellaini diz que não quer ser estrela e afirma ter saído do Everton por causa do assédio

    Muçulmano, Fellaini diz que não quer ser estrela e afirma ter saído do Everton por causa do assédio

O estereótipo do jogador de futebol contém uma lista onde está o apreço por bens materiais, júbilo com a fama e queda por mulheres. Várias mulheres. Mas com Maraouane Fellaini a história é diferente. Filho de marroquinos, o muçulmano garante que o assédio feminino pesou na decisão de trocar o Everton pelo Manchester United, no ano passado. A saída da cidade de Liverpool foi mais um passo para evitar o status de estrela do mundo da bola.

Pode parecer mentira ou clichê, mas Fellaini garante que é a mais pura verdade. O meia da Bélgica, que enfrenta Estados Unidos nesta terça-feira, em Salvador, também já teve que virar as costas para a seleção do Marrocos – primeira equipe nacional onde atuou.

Segundo Fellaini, as mulheres o atormentavam sempre que saía à rua. A perseguição dos fotógrafos também incomodava e a mudança de clube, mesmo que sendo para um com mais exposição na mídia, poderia ajudar na luta contra a fama. Em um time onde o fardo de estrela recai em nomes como Rooney e Van Persie, a vida sossegada seria mais possível.

"Eu não quero ser uma grande estrela. Não tinha mais como ficar em Liverpool, as mulheres se atiravam em cima de mim. Eu era reconhecido diversas vezes na rua, até com os fotógrafos eu não estava conseguindo me acostumar", disse Fellaini pouco depois de fechar com o Manchester United.

Meses antes, em entrevista ao jornal Daily Mirror, o meia chegou a mostrar o carro popular no estacionamento da sede do Everton para garantir que não é deslumbrado com a profissão.

"Veja o carro, veja. Sou um cara normal", disse apontando para uma versão europeia do Corsa, da Chevrolet. "Eu jogo na Premier League, mas sou apenas um cara que gosta de futebol. Tenho os pés no chão, tenho amigos que sei que são amigos mesmo", completou.

As declarações saíram em meio a uma temporada de destaque pelo Everton. Tanto destaque tornou impossível a sua permanência no clube diante de uma gorda proposta do Manchester United: 27,5 milhões de libras, algo como R$ 105 milhões com o câmbio atual.

"O dinheiro não é problema na minha vida, quando eu era pequeno tinha um padrão normal e agora eu mantenho ele", afirmou Fellaini.

Autor do primeiro gol da Bélgica nesta Copa do Mundo, contra a Argélia no Mineirão, Fellaini é filho de um ex-goleiro marroquino. Abdellatif Fellaini jogou pelo Raja Casablanca e Hassania Agadir e em 1971 se transferiu para o KRC Mechelen, de Bruxelas. Mas o clube anterior, no Marrocos, não aceitou enviar a documentação da transferência e forçou o pai de Fellaini a iniciar uma nova carreira. Como motorista de ônibus.

Foi em Bruxelas que Fellaini nasceu, em 1987. Vinte anos depois, ele passou a ganhar espaço no Standard Liège. Virou titular absoluto e encheu os olhos da Bélgica, que o convocou para um amistoso contra a República Tcheca. Ao aceitar o chamado, o meia disse não para a seleção do Marrocos – por onde jogou um punhado de vezes no time sub-21. A decisão gerou uma revolta em alguns dirigentes da federação marroquina e rendeu o apelido de 'Diabo'. A alcunha não pegou na Bélgica e muito menos colou nos clubes por onde ele passou.

Do Standard Liège ele foi para o Everton, na maior contratação da história do clube de Liverpool. E de lá foi para o Manchester United, a pedido do técnico David Moyes, mas sem deslanchar na primeira temporada da casa nova. No Mundial, querendo ou não, Fellaini é uma estrela. Pode até evitar as mulheres, driblar os fotógrafos, mas não vai poder fugir do campo. Daquilo que ele diz ser a única coisa que importa: jogar futebol.

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