Apática e "hipnotizada", torcida argentina no Anhangabaú só acorda com gol

Paulo Anshowinhas

Do UOL, em São Paulo

Ao contrário do que se previa, o comportamento da torcida argentina na Fan Fest, do Anhanhagabaú, foi comportado, silencioso e apático e apenas se transformou após o gol na segunda etapa da prorrogação contra a Suíça, que decretou a vitória por 1 a 0.

"Madre de Dios e Di María, salve, salve", gritou uma empolgada torcedora com a camiseta argentina depois de morder a própria bandeira ao festejar. O gol nos últimos instantes parecia um fato miraculoso em uma partida marcada pela monotonia do silêncio na maior parte do tempo, enquanto transmitida ao vivo no telão de alta definição do centro da cidade.

O único incidente acompanhado pela reportagem do UOL Esporte foi a detenção de um grupo de provocadores xenofóbicos brasileiros que xingavam argentinos e tentavam iniciar um tumulto no meio da multidão. A polícia interveio rapidamente e foi muito aplaudida pela plateia, que até então permanecia calada como se estivesse em uma missa.

Dos milhares de torcedores alvicelestes que foram para a Fan Fest, um grande número deles partiu do Sambódromo, onde estão alojados em carros, ônibus, trailers, motorhomes e caminhões, conforme apurado pela reportagem.

"A maioria foi para o Anhangabaú", disse Ricardo Higa, da SPturis, que informou que os poucos que tinham ingressos para o jogo em Itaquera partiram antes das 8h da manhã. "Todos me tratam muito bem, e assim vou aprimorando meu portunhol", brincou o sorridente funcionário.

"Esta és una canja de los Hermanos", disse um desses turistas que saiu de um ônibus da década de 60 que parecia um veículo cenográfico. Vestido de "Leon de Madagascar" apareceu acompanhado do "Sapo Pepe", nomes em espanhol para o Leão do filme Madagascar e o Sapo Caco (ou Kermit), do seriado Os Muppets.

 pesar de estarem em número apenas simbólico, o pequeno grupo de torcedores suíços chamou mais atenção do que toda a torcida argentina junta. Um deles, Lucas Sheller, de 25 anos, de Zurique, não foi para o estádio porque disse que estavam vendendo ingressos a R$ 4 mil, o que para ele era um absurdo.

 Outros dois companheiros dele, totalmente pintados vieram entusiasmados e com um bom discurso na ponta da língua. "Somos poucos, mas é isso que nos motiva ainda mais para festejar", disseram em meio a muitas fotos com admiradores antes de se perderem no meio da multidão azul e branca.

Turistas estrangeiros de outras nacionalidades e a imprensa internacional também aguardavam uma vitória argentina, não pela performance em campo, mas preocupadas com a reação da torcida.

"Pode ser perigoso se a Argentina perder", disse um cinegrafista da TV Jiang Xi, da China. Nesse mesmo momento se ouve o grito de gol, e o sorriso de alivio do repórter chinês e de seu parceiro.

A comemoração veio forte, mas também perdurou por tanto tempo. Torcedores norte-americanos já estavam no local no aguardo da próxima partida.

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