Provocações, furtos e muita festa. Argentinos 'conquistam' Porto Alegre

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

Foram três dias em que o espanhol tornou-se quase primeiro idioma em Porto Alegre. Por toda parte, argentinos caminhavam, cantavam, bebiam muito. A passagem dos quase 100 mil 'hermanos' pela capital gaúcha teve muita provocação aos brasileiros, furtos e brigas antes do jogo, mas terminou em festa. 

Ainda não há um número oficial de quantos argentinos passaram por Porto Alegre nos últimos dias. A Brigada Militar acredita em menos de 100 mil, pela movimentação desde segunda-feira na capital. 
 
E foram três dias que modificaram a cara da cidade. Primeiro pela estranha mania dos argentinos de dormirem em seus carros. Sem dinheiro para hospedagem, aproximadamente 4 mil acamparam nos dois espaços reservados para isso na capital gaúcha. E outros tantos optaram por dormir em carros ou motorhomes. 
 
Além de não terem onde dormir, a maioria dos visitantes também não possuía entradas para a partida contra a Nigéria, na quarta-feira. E aí começaram a surgir os problemas. 
 
A Brigada Militar reforçou o controle na passagem de torcedores até o Beira-Rio. Só pôde avançar quem tinha entrada. Barreiras foram montadas em todo entorno do estádio, com controle rigoroso dos policiais. 
 
Do lado de fora do controle, muitos furtos foram registrados. Um nigeriano teve ingresso para o jogo furtado, um brasileiro chegou a ser agredido por quatro argentinos, que acabaram detidos. Segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual da Segurança Pública, foram 28 detenções, a maioria de argentinos. 
 
Não bastasse isso, cerca de mil 'hermanos' tentaram burlar a lei e atravessar a barreira policial usando ingressos de jogos já disputados. Estes foram barrados e levados para o lado de fora. 
 
Mas passados os problemas com a lei, voltou o clima que era evidente desde segunda-feira: de festa. Os argentinos rivalizaram com brasileiros em cânticos dentro e fora do Beira-Rio. Enquanto os visitantes bradavam que 'Maradona é maior que Pelé', os locais rebatiam com o grito de 'Pentacampeão'. Uma bonita demonstração de rivalidade, mas sem agressões físicas. 
 
Antes da despedida, os argentinos ainda protagonizaram a maior festa de estrangeiros feita até agora após um jogo na capita gaúcha. Cerca de 3 mil aficionados tomaram as ruas do bairro Cidade Baixa e, munidos de instrumentos e bandeiras, tornaram as ruas do bairro boêmio de Porto Alegre uma extensão de Buenos Aires. 
 
E nem o tom provocativo das músicas atrapalhou mais. Os gaúchos acabaram cantando junto com os gringos, celebrando algo maior que Maradona e Pelé juntos: o futebol. 
 
Após a vitória por 3 a 2 sobre a Nigéria, a delegação argentina deixou Porto Alegre na noite de quarta-feira. A maioria dos torcedores, por sua vez, vai embora nesta segunda. 

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