Mesmo com sua seleção fora, inglês oferece R$ 10 mil por ingressos da final
Isabela Noronha
Do UOL, em Belo Horizonte
Os ingleses tomaram o quarteirão da Rua Pernambuco, na Savassi, centro-sul de Belo Horizonte, na tarde de segunda-feira (23). Enquanto seus compatriotas bebiam cerveja e entoavam cânticos nas mesas distribuídas pela rua, Mark Rogers, de 50 anos, caminhava segurando uma placa com mensagens diferentes de cada lado.
De um deles, dizia que comprava ingressos – para jogos de quartas ou semi-final. Para a partida desta terça-feira (24) no Mineirão entre a seleção inglesa e a costa-riquenha ele tinha entradas. Do outro lado, a mensagem era mais contundente: o empresário de Manchester, na Inglaterra, oferecia R$ 10 mil por dois bilhetes para assistir à final do Mundial no Maracanã.
"Fui a todas as Copas desde a da França, em 1998", conta para justificar a procura. O fato de que a seleção de seu país já estivesse eliminada não parecia incomodar Mark. "Sabíamos que isso ia acontecer antes mesmo de vir ao Brasil", afirmou.
Para o inglês, o melhor jogador da Copa do Mundo é Lionel Messi. "É o maior do mundo, porque ele sabe passar a bola", opina. A seleção favorita ao título, porém, é europeia. "Os alemães são bons o suficiente para ganhar. Mas a favorita é a Holanda", apostou.
Nem Rooney se salva na seleção
"Vamos ao estádio ver o Rooney, mas ele não é bom. Ele nos faz rir!", disse, enquanto, ao lado, seus compatriotas se levantavam de suas cadeiras para cantar: "we are shit, and we know we are" (na tradução livre: "somos uma m* e sabemos que somos").
Mas nem todos os ingleses que estavam na Savassi aderiram ao coro. Para Clyde Ritche, de 46, a Inglaterra tem, sim, um time bom. Sobre a eliminação da Copa, ele brincou. "Tudo bem. Veio fácil, vai fácil." E confessou não ter grandes expectativas para a partida desta terça-feira. "É só um jogo. A não ser que a gente ganhe", completou.
Clyde veio ao Brasil com um amigo, Simon Helliwell, de 45 anos. Os dois chegaram há duas semanas. Antes de Belo Horizonte, estiveram em Salvador e Arembepe, na Bahia, Caraguatatuba, em São Paulo, na capital paulista e no Rio de Janeiro. "Gostei do Brasil mais do que do futebol", disse Simon.
Torcida com remédio
Não muito longe dali, em minoria, um grupo de costa-riquenhos de San José se divertia com os cânticos e a festa inglesa. Com a camisa da seleção, eles foram a atração da torcida adversária. "Muitos vieram pedir para tirar foto com a gente. E falaram que temos um time impressionante", contou o engenheiro civil Marcos Madrigal, de 28 anos, que veio ao Brasil com os amigos.
Eles confessaram que não esperavam a classificação da seleção, que vem sendo considerada a surpresa desta Copa. "Se a Costa Rica se classificar, vamos tentar comprar ingressos para as quartas de final. Mas, infelizmente, não tenho dinheiro para ficar até dia 13 de julho", disse Marcos, sonhando com uma possível final.
No bolso, o engenheiro carregava pastilhas que fez questão de mostrar. "O remédio é para a garganta, de tanto que gritamos. E também porque bebemos muita cerveja para comemorar", afirmou.