Técnico chuta garrafas e rege canto da torcida em vitória da Argélia

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

Ele estava pressionado, segundo a imprensa da Argélia. Distribuiu alfinetadas nos jornalistas em entrevista coletiva e extravasou em campo, neste domingo. O técnico Vahid Halilhodzic começou a partida contra Coreia do Sul chutando o que estivesse pela frente. Mas depois, com placar elástico construído ainda no primeiro tempo, virou maestro da torcida presente no estádio Beira-Rio. 

A semelhança ao ex-técnico do Internacional Jorge Fossati é física e também em comportamento. De terno e gravata, com cabelos grisalhos, Halilhodzic não para no reservado. Caminha de um lado para o outro e acompanha o time com as mãos. Para um lado, para outro. 
 
No começo do duelo contra Coreia do Sul, sinalizou negativamente com a cabeça, e chutou mais vezes do que seus jogadores. Só que em vez da bola, os pés do comandante de campo encontraram garrafas de água. Eram 15 posicionadas em sua área técnica para servir os atletas quando a bola parasse. Mas algumas não suportaram o impacto. 
 
Só que o nervosismo durou pouco. A Argélia abriu o placar aos  26 do primeiro tempo. Slimani recebeu lançamento e colocou na rede. Em vez de ir comemorar com os jogadores, o treinador virou-se para torcida e com as mãos regia os gritos de 'one, two, three, viva l'Algerie', ou 'um, dois, três, viva a Argélia'. 
 
O segundo saiu dois minutos depois, com Halliche. E o terceiro, aos  37, com Djabbou. Novamente, o comandante não foi até os atletas, se virou para torcida, e só teve contato com os jogadores porque o autor do gol correu até ele e o abraçou, agradecendo a oportunidade. 
 
Segundo a imprensa da Argélia, a relação entre o comandante o os jogadores não é boa. O presidente da Federação Argelina de Futebol, Mohamed Raoraoua, teria exigido trocas no time, que de fato ocorreram. O autor do primeiro gol, por exemplo, não começou a partida contra Bélgica. Mas em campo, o reflexo não é negativo. E a torcida também parece apoiar totalmente o comando. 
 
Os 15 minutos de intervalo fizeram a adrenalina baixar. Halilhodzic só deixou o reservado quando viu sua equipe levar o gol de Son, logo aos 4 minutos do segundo tempo. Durou pouco fora do reservado. Logo voltou para o último banco à esquerda, mais próximo da saída do campo. 
 
A pressão sul-coreana se tornou mais forte a cada minuto. O treinador, então, escondido no banco de reservas, parecia buscar logo os vestiários. Mas aos 17 minutos, quando Bahrimi marcou o quarto gol, o movimento foi simples, ajeitou a gravata, chamou Ferghouli para uma conversa e, aparentemente, já se preparou para o novo encontro com os jornalistas após a partida. 
 
Nem mesmo o segundo gol sul-coreano, marcado por Koo mudou o semblante. Antes do apito derradeiro, ele cumprimentou todos os suplentes. O placar final de 4 a 2 manteve viva chance de classificação para próxima fase, algo que seria inédito para seleção argelina. 

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