Com menos faltas, Brasil não consegue repetir blitz da Confederações
Paulo Passos
Do UOL, em Brasília
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Robert Cianflone/Getty Images
Árbitro Cuneyt Cakir mostra o cartão amarelo para Thiago Silva
No primeiro treinamento coletivo durante a preparação para a Copa do Mundo, Luiz Felipe Scolari avisou. "Não é feio fazer falta, pô! Mata a jogada antes dele chegar aqui", gritou o técnico após Luiz Gustavo deixar Maicon avançar para o campo de ataque no gramado da Granja Comary. A bronca, dada no dia 31 de maio, era uma indicação de que o técnico queria o time com o mesmo estilo da Copa das Confederações, com pegada e fazendo uma verdadeira blitz, matando as jogadas dos rivais no seu campo de defesa.
Quase um mês, dois amistosos e duas partida da Copa do Mundo depois, a seleção brasileira se questiona por que não consegue repetir o jogo de 2013. Diferentemente da Copa das Confederações, no Mundial, o time de Scolari fez menos faltas que os seus rivais, principalmente infrações no seu campo de ataque. Os números comparados com os da campanha do título mostram isso.
Na Copa das Confederações, a média de faltas cometidas pelo Brasil era de 21,4 por partida. Apenas contra o Uruguai, na semifinal, o time teve menos infrações que o rival. Na Copa, fez 5 faltas contra a Croácia e 13 diante do México, numa média de 9 por jogo, sempre abaixo dos rivais.
A diminuição no número de faltas poderia ser algo positivo se o Brasil estivesse recuperando mais bolas sem infrações. Não é, entretanto, o que vem ocorrendo. A média de desarmes sem paralisações do árbitro se manteve praticamente a mesma, com dez por partida da seleção.
"O primeiro defensor do nosso time é o Fred. Quanto ao nosso entrosamento é bom, conseguimos fazer isso bem. Temos que desconfiar em todas as bolas", afirma David Luiz.
Na Copa das Confederações, Neymar, com 17 faltas, e Oscar, com 14, foram os jogadores que cometeram mais infrações no torneio. Parar o jogo era parte da estratégia do time de Felipão há um ano. Assim e roubando a bola dos rivais no campo de ataque, o time conseguiu iniciar as partidas de forma arrasadora. Das cinco vitória, três começaram com gols nos primeiros 15 minutos.
No Mundial, a fórmula não tem dado certo. Contra a Croácia, a seleção saiu perdendo, mas até conseguiu virar. Já diante do México, empatou em 0 a 0.
"Acho que várias seleções já estudaram a gente. Fica um pouco mais difícil. Mas a gente sabe o que tem que fazer.A gente tenta dar o máximo a cada jogo. Tem jogo que as coisas não acontecem do jeito que a gente quer", diz Marcelo.
Contra o México, Felipão mudou o time. As dores musculares sentidas por Hulk o fizeram trocar o atacante por Ramires. No segundo tempo, Bernard entrou no seu lugar. A seleção continuou sem o mesmo estilo de 2013.
No treinamento do último sábado, o técnico escalou a equipe titular com a formação que venceu a Copa das Confederações, com Hulk de titular. Neste domingo, Scolari comandará o último treinamento antes do jogo contra Camarões, em Brasília, pela última rodada do grupo A.