Pressionada, seleção brasileira cancela folga após a primeira fase da Copa
Paulo Passos e Ricardo Perrone
Do UOL, em Teresópolis (RJ)
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Flavio Florido/UOL
Felipão orienta jogadores do Brasil em treino de cruzamentos em Teresópolis
O empate sem gols contra o México já rendeu uma mudança na seleção brasileira. Mas não no time, e sim na programação. O UOL Esporte apurou que uma reunião na última quinta-feira definiu que a folga prevista para depois do jogo contra Camarões, na segunda-feira, foi cancelada. Na programação inicial da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) havia a previsão de que os jogadores teriam um descanso na terça-feira e iriam se apresentar na quarta.
Felipão e os atletas, porém, resolveram derrubar essa que seria a terceira folga desde que começou a preparação da equipe para a Copa do Mundo. Caso o Brasil se classifique, a delegação viajará logo após a partida de Brasília para o Rio de Janeiro e depois para Teresópolis.
Os jogadores do Brasil já folgaram depois do amistoso contra a Sérvia, em São Paulo, e após o segundo jogo contra o México, na última terça-feira, em Fortaleza.
A decisão de voltar para a Granja Comary logo após o jogo de segunda foi tomada em comum acordo entre o técnico e os jogadores. A medida foi planejada como resposta às críticas que o time vem sofrendo pelo desempenho abaixo do esperado na Copa do Mundo e por ter cancelado treinamentos previstos até agora.
Nesta sexta-feira, Marcelo e David Luiz, jogadores escalados para a entrevista coletiva, foram questionados sobre o fato do time treinar menos do que estava planejado.
"Quem disse que treina só dentro do campo? Quem disse que treino é só correndo atrás de uma bola. Tem treino psicológico, mental. A gente consegue aprender olhando e admirando os adversários também", afirmou David Luiz.
"Eu não sou formado em educação física. Tem que perguntar para o Paixão (preparador físico), ele que resolve tudo. Todo mundo está com muita energia, muita força", disse Marcelo.
Nesta semana, a CBF cancelou dois treinamentos previstos para sexta e sábado, quando a equipe iria treinar em dois períodos, mas trabalhou apenas à tarde. O coordenador técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, disse que as mudanças são normais. Ele argumentou que isso já aconteceu em outros Mundiais, como na vitória de 1970, quando o técnico trabalhava como preparador físico da equipe.
"Não é que diminuímos (a carga de treinos) porque tem problema físicos. É que temos médicos, fisiologistas que acompanham os jogadores o tempo inteiro. Nós fizemos uma programação, aí eles olham os jogadores e falam: está tudo muito bem, não há mais necessidade de forçar os jogadores fazendo treinos em dois períodos. Em 70, chegamos no México para treinar 40 dias em dois períodos. Já no segundo dia, o Gerson sentiu uma dorzinha. O mestre Zagallo, com toda a sua sabedoria, disse: já treinamos muito no Rio, não tem necessidade de forçar mais. Aí mudamos a programação. O time vai crescer, não se preocupe", afirmou Parreira.