'Durão' nas entradas verbais, Daniel Alves encarna pitbull de Felipão

Fernando Duarte

Do UOL, no Rio de Janeiro

Pela segunda vez na Copa do Mundo, Daniel Alves foi o escolhido para uma das entrevistas coletivas da seleção brasileira em Teresópolis. Mais do que uma questão de rodízio, a presença do lateral direito pareceu curiosamente adequada para o último pronunciamento antes da viagem a Brasília para a partida contra Camarões. E assim como em sua participação anterior, há 12 dias, o jogador do Barcelona não hesitou em fazer o papel de pit-bull "verbal" do técnico Luiz Felipe Scolari.

Menos risonho e com menos tiradas humorísticas neste sábado que em 9 de julho, quando o Brasil ainda não tinha estreado no Mundial, Alves adotou o mesmo discurso de defesa do grupo. Mas o que chamou a atenção foram os recados dados em respostas a perguntas sobre o desempenho do time e as expectativas para o jogo contra Camarões. Um mote constante foi a reclamação sobre as opiniões da imprensa.

"Eu às vezes dou risada quando as pessoas se esquecem de como a Copa do Mundo é uma competição difícil. A Costa Rica (que derrotou Itália e Uruguai)  não é supresa quando a gente sabe que as equipes trabalham duro e estudam seus adversários", afirmou Alves, ecoando uma reclamação de Felipão após o jogo contra o México, quando o treinador disser ter considerado normal a pressão sofrida pela seleção no segundo tempo.

Na ocasião, Felipão dissera que o Brasil jogara 10% melhor do que contra a Croácia e creditara as dificuldades ao brilho do adversário, negando que o sistema de jogo tivesse "emperrado". Alves defendeu o treinador ao dizer que a seleção já tinha mostrado a capacidade de crescer nos momentos de maior dificuldade e pressão.

"A equipe está equilibrada e tivemos evolução de uma partida para a outra. Estamos com o foco no nosso caminho, que agora é o de obter o primeiro lugar do grupo. Tudo o que fazemos é em prol do grupo, mas às vezes a gente precisa ficar mais sério porque fica difícil escutar algumas das barbaridades que falam para a gente", afirmou o lateral.

Além do desdém em relação aopiniõesexternas, um recurso que Felipão gosta de usar, o lateral também apelou para um tipo de mentalidade de cerco, em que a seleção se diz perseguida pelo pessimismo da mídia. Assim como o treinador, o lateral literalmente jogou para a galera ao elogiar o clima de festa nas ruas do Brasil com a chegada da Copa, evitando críticas à torcida.

Isso lembrou um pouco uma entrevista dada no ano passado, durante a Copa das Confederações, em que o lateral se queixara de que a imprensa brasileira, na sua opinião, não apoiava a seleção tanto quanto os jornalistas espanhóis faziam com a de seu país. "A gente ouve muita informação leiga, sem critério nenhum. As pessoas são muito pessimistas", alegou Alves.

O lateral "fechou" ainda mais com o treinador quando foi perguntado sobre a necessidade de mudanças no time. Foi além de dizer que "o professor é quem decide" ao descrever Felipão como um líder que ouve mais do que comanda. Tudo isso antes de repetir o discurso da coletividade. "Estamos aqui em prol do grupo, se o Felipão fizer uma em função do grupo ela será respeitada. Jogue quem jogue a gente vai estar bem representado", declarou.

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