Dobro de gols no mata-mata mantém Ronaldo mais decisivo que Klose
Do UOL, em São Paulo
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AP e AFP/Javier Soriano
O brasileiro Ronaldo e o alemão naturalizado Klose, que marcaram 15 gols cada em Copas do Mundo
Uma esticada de perna direita aos 17 minutos do segundo tempo garantiu o empate à Alemanha contra Gana e a posteridade a Miroslav Klose. O polonês naturalizado alemão, que completou 36 anos no último dia 9, marcava ali o seu 15º gol em Copas do Mundo, igualando marca que pertencia ao brasileiro Ronaldo, que sustentava o recorde desde 2006 e que corre o sério risco de ser superado definitivamente ainda em 2014. Agora, se o "Fenômeno" quiser fazer uma autodefesa na comparação com o novo recordista, tem argumentos para tanto.
O que separa um do outro é, digamos, o peso dos jogos em que cada um construiu sua respectiva marca histórica. Enquanto Klose marcou apenas quatro gols (26,6% dos 15 gols) a partir das oitavas-de-final, Ronaldo anotou oito dos seus gols em Copas (53,3%) nos chamados mata-mata, os jogos eliminatórios disputados após a primeira fase. Além disso, o alemão fez só dois gols contra europeus, contra seis do brasileiro.
Ronaldo marcou quatro vezes em 1998 (dois nas oitavas e um em semifinal), oito em 2002 (um nas oitavas, outro na semi e os dois da final) e mais três em 2006 (um nas oitavas), sua derradeira Copa do Mundo, quando tinha 29 anos.
Já Klose construiu seu legado na primeira fase das quatro Copas que disputou. Em 2002, seu primeiro Mundial, o centroavante estreou arrebentando: logo na primeira rodada, fez três dos oito gols da Alemanha contra a frágil Arábia Saudita, o pior dos 32 times da competição disputada na Coreia do Sul e no Japão. Marcaria nos dois jogos seguintes, contra Irlanda e Camarões, e passaria em branco a partir das oitavas, diferentemente de Ronaldo, que após marcar quatro gols na fase de grupos, marcou outros quatro até o final da Copa, sendo dois na decisão, justamente contra a Alemanha de Klose.
Klose conferiu seu primeiro gol em uma fase eliminatória apenas em sua segunda Copa do Mundo, disputada justamente em território alemão e onde ele terminaria a disputa com cinco gols. Nas quartas-de-final, arrematou um cabeceio certeiro para empatar o jogo contra a Argentina, já na prorrogação. Lance decisivo para empurrar a partida para a disputa por pênaltis, vencida pelo time da casa.
No Mundial jogado na África do Sul, em 2010, Klose se tornaria definitivamente um jogador mais incisivo nos momentos importantes de uma Copa do Mundo. O atacante fez apenas um gol na primeira fase – contra a Austrália. Em compensação, fez um contra a Inglaterra, nas oitavas, e dois contra a Argentina, nas quartas.
Quando o caminho se encontra
Se há uma distância entre os artilheiros nos momentos decisivos, há, além dos 15 gols, três fatores que os aproximam: o número de Copas do Mundo que estiveram, o fato de ambos vivarem recordistas contra Gana - o atacante brasileiro fez seu último gol justamente contra a seleção africana - e a coincidência do brasileiro Ronaldo ter atingido sua marca no Mundial da Alemanha, enquanto o alemão Klose, no Mundial do Brasil.
A dupla foi convocada para quatro edições do torneio, mas Ronaldo ficou no banco de reservas em todos jogos de sua primeira vez, em 1994, atuando de forma ativa em 1998, 2002 e 2006. Já Klose entrou em campo em 2002, 2006, 2010 e 2014 – fez seu primeiro jogo neste sábado, pela segunda rodada.
Agora, Klose tem, no mínimo, mais um jogo para assegurar o recorde só para ele, tirando Ronaldo das estatísticas e voltando a colocar a Alemanha no topo da artilharia da história das Copas, já que, antes do brasileiro, outro alemão segurou a marca entre 1974 e 2006: Gerd Muller.
E, mais do que a real chance que tem para ir além dos 15 gols, Klose tem a oportunidade de consolidar sua marca justamente nos mata-matas, que podem não só turbinar o seu recorde como empurrar a Alemanha para o topo da Copa do Mundo.
"Claro que vou fazer tudo que puder para ajudar a equipe, e se conseguir o gol (do recorde), vai ser ainda melhor", disse Klose, ao final do jogo contra Gana.