Elenco versátil dá a Felipão quase 2 mil opções para montar seu meio-campo

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Teresópolis

Luiz Felipe Scolari
Luiz Felipe Scolari

Neymar ora está na esquerda, ora na direita, e vira e mexe aparece no meio do campo. Oscar, quando não está criando no centro, se arrisca pelas pontas. A realidade não é exclusividade dos dois principais armadores do time. Um levantamento exclusivo do UOL Esporte mostra que Luiz Felipe Scolari, que procurou um elenco versátil, tem nada menos que 1.786 possibilidades de montar seu meio-campo sem se desfazer do sistema 4-2-3-1, seu preferido no comando da seleção.

A conta é complicada, mas mostra a amplitude do elenco verde-amarelo. No desenho tático mais usado pelo treinador, o Brasil joga com dois volantes, um mais recuado e outro com liberdade para avançar. Mais adiante, três jogadores se espalham pelas pontas (um para cada lado) e um no meio.

Em cada uma delas, Felipão tem pelo menos quatro opções. Neymar, por exemplo, pode ocupar qualquer um dos pontos do trio de criação. Hernanes, segundo volante de origem, pode jogar também de meia centralizado, como treinou no último sábado. Ramires, por sua vez, atuaria sem problemas nas vagas que tradicionalmente são de Paulinho, Hulk ou Oscar, estes também jogadores versáteis.

"Eu gosto de vencer os jogos, seja na esquerda, na direita ou no meio. Eu sei jogar em várias posições e isso pode ser uma das minhas qualidades"

Baseado em cada uma dessas variações, a reportagem fez uma conta de probabilidade que apontou o número de combinações possíveis para Felipão, e o número de opções explica o resultado tão alto. Para primeiro volante, por exemplo, Luiz Gustavo, Fernandinho, Henrique e David Luiz podem ser escalados sem problemas.

A função de segundo volante, hoje ocupada por Paulinho, pode ter Hernanes, Ramires, Willian e Fernandinho. Na ponta direita, o titular Hulk pode se revezar com Neymar e Oscar ou dar lugar a Bernard, Ramires ou Willian. Do outro lado, Neymar pode ceder espaço para Oscar, Bernard, Willian e Hulk. No meio, por último, jogariam Oscar, Neymar, Ramires, Hernanes ou Willian.

Todas as opções citadas, sem exceção, já foram treinadas por Felipão na seleção brasileira, que pode escolher entre as 2 mil combinações possíveis de acordo com a necessidade. Na quinta passada, diante da Croácia, por exemplo, ele inovou.

Preocupado com os avanços do lateral da Croácia na esquerda do ataque do Brasil, Felipão inverteu o lado de Hulk. Canhoto, o atacante costuma atuar pela direita para cortar para o meio e bater. Na abertura da Copa, sua função foi ajudar Marcelo na marcação, enquanto Oscar fazia bonito pela direita.

"Hoje foi uma função tática em função do adversário. Em nível ofensivo não cheguei tanto como vinha chegando, mas defensivamente fiz o que o professor pediu e conseguimos anular uma jogada forte pelo lado direito que eles tinham", explicou Hulk na saída do Itaquerão. 

Veja abaixo as principais opções de Felipão para cada uma das cinco posições:

Primeiro volante
Luiz Gustavo é titular absoluto de Felipão desde o início da Copa das Confederações. Discreto e dedicado, ele cobre os avanços dos laterais e não compromete na saída de bola. Seu reserva, em tese, é Fernandinho, que tem características mais ofensivas e nunca chegou a representar uma sombra de fato. As outras opções do técnico são os zagueiros Henrique e David Luiz, ambos habituados à função, e que poderiam ocupar o espaço caso seja necessário segurar o jogo. 

Segundo volante
Paulinho é o principal nome de Felipão para a vaga e já tem um currículo na seleção. A capacidade de aliar marcação e criatividade no ataque são fundamentais para o Brasil, que ainda tem dificuldade para abrir espaços. O problema é que Paulinho não terminou bem a temporada europeia. 

Com o ex-corintiano baleado, Felipão testou Hernanes e Ramires, ambos com perfis diferentes do titular. O primeiro cadencia mais o jogo com seu perfil clássico, que foi muito útil para o treinador na Copa das Confederações. O meia do Chelsea é mais objetivo, mas não conseguiu o resultado que se espera de Paulinho. 

Além deles, Willian pode jogar mais recuado para cumprir a função, como já fez na Inglaterra. Fernandinho, inicialmente reserva como volante de contenção, também tem condição de jogar mais à frente. Contra a África do Sul, em março, foi ali que ele mais agradou Felipão. 

Ponta pela direita
A vaga é de Hulk, que suportou toda a pressão por Lucas no ano passado e tornou-se peça chave de Felipão. Pela direita, o atacante canhoto tem a opção de cortar para o meio e bater  para o gol. Além dele, Neymar e Oscar podem cair pelo setor caso entendam que ali está o caminho da vitória.

Bernard, seu reserva imediato, tem mais perfil de atacante. Willian e Ramires, por último, carregam suas características para o lado do campo e são opções, dependendo do momento do jogo. 

Armador central
Oscar é, em tese, o camisa 10 real do Brasil. Só que desde o segundo semestre do ano passado Felipão tem pedido para que Neymar não se restrinja ao lado esquerdo do campo, atuando pelo meio. Contra a Croácia, por exemplo, foi ali que ele passou a maior parte do tempo. 

Além deles, Ramires e Willian também são opções. O primeiro voltou à seleção sob o comando de Scolari nessa função, na reserva de Oscar, enquanto o segundo é, por natureza, um meia-armador. Além deles, Hernanes, com seu estilo cadenciado, pode ser utilizado em algumas circunstâncias no local. 

Ponta pela esquerda
A posição foi, nos últimos quatro anos, de Neymar, que sempre jogou por esse lado. Desde que migrou para o meio, no entanto, o ex-santista tem deixado o espaço sob o comando de Oscar. Contra a Croácia, foi Hulk quem ficou por ali para cumprir determinações defensivas do treinador. Bernard e Willian, reservas, também podem ocupar a função. 

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