Inglês usa mesma fantasia há três dias e já nem sabe o que está bebendo
Felipe Pereira
Do UOL, em Manaus
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Felipe Pereira/UOL
Stan Field, vestido de cavaleiro, não conseguia distinguir as marcas de cerveja sete horas antes do jogo
O relógio nem marca meio-dia em Manaus e a mesa cercada de gente com camisa da Inglaterra está cheia de garrafas de cerveja vazias. Stan Field, 44 anos, é exceção. Veste uma fantasia de cavaleiro enquanto bebe, no gargalo, uma garrafa da 600 ml como se fosse long neck. Ele entorna a garrafa: "A Skol é fantástica". Detalhe: o líquido em questão era da marca Itaipava. Não precisava, mas o garçom atesta que, se continuar neste ritmo, chegará ao jogo muito bêbado.
O calor do meio-dia em Manaus castiga quem está com roupas prontas para o verão. E são mortais para quem anda em vestes feitas para ser a Europa. Pelo menos o gorro, imitando a malha metálica dos cavaleiros, está guardado faz tempo - só sai da bolsa quando recebe um pedido de fotos especial. A medida, aliada à sombra do bar na Praça São Sebastião, a principal de Manaus, ameniza o suador. Stan também já lavou o rosto, medida providencial. A preocupação são as idas ao banheiro, que começam a ficar frequentes. Sinal de embriaguez.
Mais comum ainda são os pedidos de foto. Os brasileiros chegam com o celular para fazer imagens dele e dos amigos. Stan nem se importa. Isto é uma rotina desde que entrou no avião em Londres na quinta-feira. Detalhe: já estava vestido como cavaleiro. "Em São Paulo, fizeram fila e os funcionários da imigração riram quando nos atenderam".
Ao redor, cerca de 30 ingleses bebem bastante. A segurança da Copa diz que são monitorados, mas não acredita em atos de hooliganismo. O coordenador do Centro Integrado de Comando e Controle, coronel Dan Câmara, justifica o otimismo ressaltando que o histórico dos torcedores foi checado antes de entrarem no Brasil. O trabalho preventivo foi feito em Brasília.
Mesmo assim, a segurança foi reforçada e 5 mil homens estão trabalhando. Apesar do efetivo numeroso para patrulhar 14 pontos da cidade, a praça conta com apenas três policiais militares e um guarda municipal. Por hora, é suficiente, já que o grupo de beberrões ingleses ainda é pequeno. A maioria está na frente do Theatro Amazonas, com oito bandeiras inglesas do tamanho de toalhas de mesa fixadas na escadaria.
Michael Steward, 33 anos, diz que o local virou um pedacinho da Inglaterra. A namorada fotografa o cartão postal de Manaus. Próximo a ele, a rede de TV Sky inglesa entrevista um torcedor que afirma estar adorando a cidade. Está confiante numa vitória. Michael aproveita o gancho e conta que o melhor da Copa é a mistura de gente de diferentes países, enquanto aponta grupos de italianos.
Estes são mais discretos e conversam em rodinhas. Não há cervejas em suas mãos e todos estão sob as árvores. Só não se sabe se para fugir do calor do meio-dia em Manaus ou do olhar dos cavaleiros ingleses.
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