Espanha vê convocados saírem do país e Real ser ultrapassado por rival
Guilherme Palenzuela
Do UOL, em Curitiba
A seleção espanhola que chega ao Brasil como favorita à conquista da Copa do Mundo e postulante ao título de melhor seleção de todos os tempos viu nos últimos anos atingir o próprio futebol nacional. Se na última Copa, quando se sagrou campeã, a Espanha tinha 20 dos 23 convocados atuando dentro do país, agora são apenas 14 que foram convocados por times espanhóis. E isso sem contar Cesc Fàbregas, que nsta quinta-feira confirmou a transferência do Barcelona para o Chelsea (ING).
E é a Inglaterra, para a qual volta Fàbregas – defendeu o Arsenal entre 2003 e 2011 –, que representa a maior taxa de "roubos" do futebol espanhol. Considerando-se os clubes em que os atletas estavam na data da convocação para a Copa do Mundo, além dos 14 no futebol espanhol, seis pertencem a clubes ingleses, dois jogam na Itália e um na Alemanha.
Os 20 do futebol espanhol em 2010 contra os 14 de 2014 revelam também uma concentração de convocados em Real Madrid e Barcelona, além do último campeão espanhol, o Atlético de Madri. Dos 14, sete são do Barcelona – contando Fàbregas – e três são do Real Madri. O Atlético colocou quatro atletas na seleção, contando o brasileiro naturalizado Diego Costa, que pode acompanhar Fàbregas no Chelsea. Mas apenas três clubes cedendo atletas à Espanha é algo bem diferente do que aconteceu quando o país foi campeão do mundo pela primeira vez, há quatro anos. Em 2010, seis clubes forneceram atletas: Barcelona (oito), Real Madrid (cinco), Villarreal (um), Valencia (três), Sevilla (um) e Athletic Bilbao (dois).
Não é difícil explicar os motivos que fizeram a Espanha perder alguns de seus melhores jogadores para o futebol inglês. O título da Copa na África do Sul somado ao belo futebol praticado pelos jogadores do técnico Vicente Del Bosque, com passes curtos e domínio da posse de bola, colocou os espanhóis em evidência. A Premier League Inglesa, campeonato nacional que rende mais receita aos clubes no planeta, aproveitou. Além disso, diversos clubes espanhóis passaram por problemas financeiros que fizeram com que não conseguissem se manter no mesmo nível. Sobreviveram as potências Real Madrid e Barcelona, de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, além de um Atlético de Madri que se rodeou de bons parceiros e teve no argentino Diego Simeone o diferencial para que superasse os dois rivais.
Nesta sexta-feira a Espanha estreia na Copa do Mundo em reedição da final de 2010, contra a Holanda, em Salvador. E, no time titular, deverá ter dois jogadores que atuam na Inglaterra: o lateral direito Cesar Azpilicueta (Chelsea) e o meia David Silva (Manchester City). Não por coincidência, ambos atuavam na Espanha em 2010 – por Osasuña e Valencia, respectivamente.