Só status de Neymar como craque não mudou no caminho do Brasil para a Copa

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

Na primeira convocação para a seleção brasileira há cerca de quatro anos, Neymar já tinha status de astro do time. Hoje é mais, claro, encorpou, virou titular num grande clube da Europa e estrela de propagandas, além de camisa 10 do time de Luiz Felipe Scolari. Mas na estreia em 2010 já se apostava que aquele jogador franzido com cabelo espetado seria a esperança do Brasil na primeira Copa disputada no país, após 64 anos.

A confirmação de Neymar, que fará seu 50º jogo com a camisa da seleção, nesta quinta-feira, contra a Croácia, é uma exceção em meio a tantas outras certezas (dentro e fora de campo) que caíram ao longo dos quatro anos do ciclo do Mundial do Brasil. Dos companheiros de time ao chefe, passando pelo local da abertura do torneio e pelos cartolas e políticos que estarão nas tribunas, muita coisa mudou no mundo da Copa enquanto o atacante seguiu como principal estrela do time.

O camisa 10 ficou para trás

Ricardo Nogueira/Folhapress
Quando Mano Menezes assumiu a seleção, Ganso e Neymar ganharam a primeira chance. Em quatro anos, o atacante só esteve em 49 dos 55 jogos do Brasil. Já o meia, porém, não vingou com o antigo técnico, viveu uma instabilidade no Santos e no São Paulo e nunca foi chamado por Luiz Felipe Scolari.

Apontado como camisa 10 da Copa no Brasil há quatro anos, Ganso não entrou nem na lista de sete suplentes que poderiam ser chamados pelo técnico. Em 2010, ele estava na relação. A última convocação do meia para a seleção principal foi no longínquo amistoso contra a Bósnia, em março de 2012. No mesmo ano, foi reserva na equipe que disputou as Olimpíadas de Londres.

Ainda com Mano, Oscar virou o armador do time. Felipão manteve a escolha e tem Willian como primeiro reserva na vaga.

1º Chefe se perdeu no caminho
REUTERS/Mike Segar

Ele não foi a primeira opção. Muricy Ramalho era o preferido de Ricardo Teixeira para substituir Dunga. Mas com a vitória convincente sobre os Estados Unidos, Manos Menezes até parecia o homem ideal para renovar a seleção para a Copa do Mundo de 2014.

"O que eu quero para a seleção é que a gente tenha a intenção de assumir mais o papel de protagonista do jogo. De propor mais o jogo para o adversário. Acho que temos condições. Se nós vamos ser mais ofensivos ou não, isso é o jogo que vai nos mostrar, porque que não depende só da nossa intenção", foi o discurso após o primeiro jogo, em agosto de 2010.

O fracasso na Copa América de 2011 e a queda na final das Olimpíadas um ano depois mudaram tudo. Na berlinda, o técnico durou até o final de 2012, quando foi demitido por José Maria Marin. No currículo, guardará o feito de ter sido o primeiro a convocar Neymar para a seleção.

Palco da abertura da Copa
Friedemann Vogel/Getty Images
Quando Neymar estreou na seleção brasileira, o Morumbi, primeiro estádio a ser escolhido para receber a Copa em São Paulo, já tinha sido descredenciado pela Fifa havia cerca de um mês. O local da abertura do Mundial ainda era uma incerteza na época.

O anúncio oficial da obra do projeto do estádio do Corinthians aconteceu alguns dias após o primeiro jogo de Neymar na seleção, no final de agosto. Da planta até o início das obras foram mais de meio ano de espera e dúvidas. 

A arena do Corinthians, em Itaquera, só foi oficializada como sede do primeiro jogo do torneio em outubro de 2011. Neymar já era titular absoluto da seleção, tinha sofrido com a eliminação na Copa América e a equipe de Mano Menezes passava por um novo ciclo de renovação depois da volta de alguns veteranos no torneio da Argentina. 

Número 1 da Copa caiu
Rafael Andrade/Folha Imagem
O homem forte da Copa na época que Neymar virou selecionável já não manda mais. Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COL (Comitê Organizador Local) da Copa era todo o todo poderoso do futebol brasileiro quando o astro deu os primeiros passos na seleção.

Em 2012, acuado por denúncias de corrupção, o cartola renunciou ao cargo. Segundo a Folha de S. Paulo, o ex-dirigente nem deverá assistir à Copa no Brasil.

No lugar de Teixeira entrou José Maria Marin. Com perfil mais boleiro, o cartola que é ex-jogador, elogia Neymar sempre que pode. 

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos