Felipão está com dúvidas no meio e já fez vários testes; veja quais foram
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Teresópolis
Em pouco mais de duas semanas reunido com sua equipe, Felipão não alterou seu goleiro, mudou a defesa só por necessidade e fez poucas experiências no ataque. A julgar pela forma que trabalhou nessa preparação para a Copa, o treinador está preocupado com o meio-campo, setor em que mais explorou seu elenco.
Veja, abaixo, quais opções ele tentou e que efeito elas tiveram no desempenho do time:
Formação original
Oscar é o maior ponto de interrogação. O meia do Chelsea tem sido pouco participativo e tem sobrecarregado Neymar. Paulinho, com problemas físicos e até ausente do amistoso contra o Panamá, também fez falta à criação de jogadas do Brasil.
Só que, ainda que não tenha brilhado, essa formação é a que está mais pronta. Na última segunda, no melhor treino da seleção até agora, foi essa combinação de jogadores que deixou o time reserva perdido em campo, levando de 4 a 0 em um coletivo. A dúvida é se essa performance se repetirá na quinta, contra a Croácia.
Willian no lugar de Oscar
Participativo, bem colocado e com movimentação constante, Willian abriu espaços que Oscar não estava conseguindo criar e chegou com mais precisão à frente. Foi dele, por exemplo, o quarto gol da vitória contra o Panamá, em Goiânia.
Nos últimos treinos, porém, Willian já não conseguiu repetir a mesma intensidade. Na segunda, por exemplo, quando o time inteiro e o próprio Oscar estavam bem, o meia errou passes bobos, foi desarmado com facilidade e não conseguiu conduzir o time reserva, que levou um 4 a 0 inapelável.
Hernanes no lugar de Paulinho
O volante da Inter de Milão, que sabe atuar como meia, tem a capacidade de mexer no esquema do time durante a partida, algo que é caro a Felipão. Em 2013, foi comum ele entrar na vaga de Oscar durante os jogos, fazendo o Brasil jogar com três volante, sendo que ele e Paulinho dividiam a responsabilidade de armação.
Só que neste ano ele não tem agradado. Foi com o time que tinha Hernanes em campo que Felipão ralhou no domingo retrasado, ao vivo na Rede Globo. O técnico reclamou da marcação frouxa e reagiu barrando o ex-são-paulino, que começou o amistoso contra o Panamá no banco de reservas. Depois da partida, ele admitiu ter ficado "decepcionado" com a opção do treinador.
Ramires no Lugar de Paulinho
Não foi o que aconteceu. Contra o frágil Panamá, o Brasil teve dificuldade para chegar ao ataque, chegou a ser vaiado por isso e só quebrou a defesa dos caribenhos porque Neymar estava inspirado e abriu o placar de falta.
Henrique no lugar de Oscar
O Brasil, então, treinou uma formação mais defensiva que servisse para as partidas em que já está com vantagem no marcador. Segundo Luiz Gustavo, que falou sobre o assunto na última terça, Henrique assumiu o papel de primeiro volante, enquanto ele e Paulinho puderam atuar mais soltos. Neymar, nesse cenário, fica ainda mais sobrecarregado para criar.
Henrique está relativamente acostumado à função, embora seja zagueiro de origem. No Palmeiras, em 2012, Felipão escalou o jogador assim nos jogos decisivos da Copa do Brasil. O bom desempenho do jogador ajudou a convencer o técnico dois anos depois, já na seleção.
Ramires no lugar de Oscar
Foi nessa posição, diga-se, que Ramires reconquistou Felipão após ter sido "esquecido" na Copa das Confederações do ano passado. No clube inglês, o ex-cruzeirense acostumou-se a jogar mais à frente, e fez o mesmo com alguma desenvoltura na seleção.
Nesta terça, ele ao menos não comprometeu. Com Ramires como meia de criação, o time usou mais as pontas do que sob a batuta de Oscar. Depois de um cruzamento da direita, Neymar, de peixinho, decretou um novo 4 a 0 para os titulares no coletivo.