A seleção levou bronca pública de Luiz Felipe Scolari e não convenceu nos dois amistosos preparatórios que fez. Sinal de alerta? Nesta segunda, pela primeira vez desde que iniciou a preparação para a Copa, o time foi outro. Com tabelas, boas jogadas e êxito na bola parada, Neymar e companhia fizeram seu melhor treino até agora.

Confira, nos tópicos abaixo, por que o trabalho desta segunda foi tão positivo:

Sistema ofensivo

O Brasil conseguiu criar as jogadas que faltavam e, durante 1h30min de treino, atacou de diferentes maneiras. O time titular venceu por 4 a 0 e ainda fez dois outros gols em repetições treinadas por Felipão.

David Luiz inaugurou o placar de cabeça, Hulk fez 2 a 0 em um belo contra-ataque, Fred ampliou abrindo espaço entre os zagueiros e Marcelo completou, de voleio, após uma tabela com Neymar.

A variedade de jogadas e o bom rendimento de várias peças diferentes a três dias da estreia são um bom sinal para um time que pareceu muito dependente de Neymar há uma semana. Oscar, Fred e principalmente Paulinho, que não estavam bem, melhoraram de produção e conseguiram ajudar a equipe a render melhor.

Bola parada

Na última sexta, após o 1 a 0 contra a Sérvia, Felipão deixou claro que trabalharia forte nas bolas paradas. A promessa foi cumprida e o resultado foi satisfatório. Por diversas vezes durante o coletivo, o treinador parou, orientou e mandou repetir as cobranças de faltas e escanteios.

Em cruzamento desses pela direita, David Luiz subiu alto no meio da zaga reserva e fez 1 a 0. Depois, quando Felipão colocou seus comandados para cobrar faltas, de novo a bola foi para a rede. Neymar acertou o ângulo de Jefferson em uma bola e, em outra bola, Luiz Gustavo mandou para as redes após uma jogada ensaiada com Thiago Silva.

O resultado só não foi ainda melhor porque Júlio César esteve inspirado. No segundo tempo, o goleiro titular se esticou todo e evitou um golaço de Hernanes em uma cobrança de falta.

Pegada

Não faltou intensidade ao treino da seleção. As jogadas foram tão firmes que Neymar, Bernard e Maicon em diferentes momentos, deram sustos na comissão técnica e na imprensa. Nenhum caso foi grave, mas os choques entre os atletas foram constantes e até assustaram Felipão.

"Não machuca ninguém, pelo amor de Deus", disse o técnico em duas oportunidades. A preocupação não foi de graça. Marcelo, por exemplo, deu duas entradas mais firmes em Maicon, que fez cara de poucos amigos. Na segunda, depois de um carrinho, Felipão orientou diretamente o lateral, pedindo mais calma na hora das divididas.

Reservas como a Croácia

De olho na abertura, Felipão colocou o time reserva para jogar como o primeiro rival que enfrentará na Copa do Mundo. A ideia era simular o confronto e já ir testando algumas questões táticas que ele quer colocar para funcionar no Itaquerão, na próxima quinta.

Jô, acostumado a sair da área para tabelar com os meias, jogou bem avançado, simulando um pivô europeu tradicional. Maicon, por sua vez, atuou quase como ponta direito, repetindo uma das armas da equipe. Felipão, ao perceber que sua equipe reagia mal aos avanços do lateral reserva, deu bronca.

"O jogo deles é todo por aqui. Não importa quem venha. Pode ser Oscar, Hulk… Mas tem de ter alguém marcando o cara aqui", disse ele, num tom mais elevado.

Treino para vitória

O time titular foi tão bem que Felipão se deu ao luxo de testar uma alternativa para quando estiver vencendo. Nos minutos finais do treino, Henrique entrou no time como volante ao lado de Luiz Gustavo e Paulinho, dando mais sustentação para Thiago Silva e David Luiz.

"Estamos ganhando, está 2 a 0 para nós", disse Felipão, logo depois de fazer a alteração. A equipe fez o que se esperava dela. Mais recuada, segurou as poucas investidas dos reservas e, para completar, marcou o quarto gol com Marcelo tabelando com Neymar e completando de voleio.