Ronaldo tenta justificar "cacete" e "vergonha" após protesto em sua agência

Do UOL, em São Paulo

Ronaldo filmou uma manifestação ocorrida na última quinta-feira em frente a sua agência de publicidade e nesta sexta-feira o ex-jogador postou o vídeo no Facebook e escreveu uma resposta onde reclama da "baderna" e tenta justificar algumas de suas declarações que ganharam grande repercussão recentemente.

"Ôô galera, presta atenção! Eu pago meus impostos por saúde e educação! Ôô galera, se liga então! Não é na minha agência que rola corrupção! Ôo galera, qual a intenção? Ninguém aqui é contra a sua manifestação!", criticou o ex-camisa 9 do Brasil.

Uma das motivações dos manifestantes teria sido a frase de Ronaldo no último dia 29 na sabatina da Folha de S. Paulo: "sobre os vândalos, acho que tem que baixar o cacete neles, tirar da rua".

"Quando falei em 'baixar o cacete', deixei bem claro que me referia aos VÂNDALOS, que se aproveitam da boa intenção das manifestações pacíficas para saquear estabelecimentos e depredar patrimônio público. Alguém em sã consciência apoia esse tipo de comportamento?", explicou.

Antes, no dia 23 de maio, Ronaldo - que é membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo - se disse "envergonhado" em uma entrevista à Reuters. "É essa burocracia toda, uma confusão, são os atrasos. É uma pena", lamentou na ocasião.

"A minha vergonha é política. Única e exclusivamente. Mas o que entra em campo no dia 12 de junho é o nosso futebol", diferenciou.

Outro comentário de Ronaldo que foi ironizado por quem protestou em frente a 9ine se refere a uma entrevista de 2011, quando o ex-craque afirmou que "não se faz Copa com hospital".

"Ninguém merece ser insultado por qualquer opinião – seja ela boa ou ruim – a respeito da Copa. Visões distintas não justificam agressões. Quem quer curtir tem o direito de curtir sem culpa, sem pressão, sem imposição", sentenciou. "Na Copa eu torço, manifesto na eleição", completou.

Leia na íntegra o texto de Ronaldo:

Ôô galera, presta atenção! Eu pago meus impostos por saúde e educação! Ôô galera, se liga então! Não é na minha agência que rola corrupção! Ôo galera, qual a intenção? Ninguém aqui é contra a sua manifestação!
 
Levei na esportiva a baderna que alguns manifestantes do coletivo "Juntos!" fizeram hoje na porta da 9ine WPP. Porque não é possível que alguém esteja realmente levando isso a sério, é? Acho lamentável o tempo e a energia desperdiçados. Não é aqui, onde há vários funcionários trabalhando, nem de mim, que vocês devem cobrar nada. Eu não sou político, sou cidadão comum! Minha honestidade não é vulnerável, nem está à venda. E estou tão insatisfeito quanto vocês!
 
Quando falei em "baixar o cacete", deixei bem claro que me referia aos VÂNDALOS, que se aproveitam da boa intenção das manifestações pacíficas para saquear estabelecimentos e depredar patrimônio público. Alguém em sã consciência apoia esse tipo de comportamento?
 
Estamos às vésperas de sediar o maior evento midiático do planeta, com 32 bilhões de espectadores em audiência acumulada no total de jogos. A Copa do Mundo, para mim e para tantos, sempre foi um sonho. Infelizmente, não pude desfrutar do prazer de jogá-la em casa, mas nunca imaginei que trabalhar voluntariamente para recebê-la aqui pudesse me render tantos desafetos.
 
O fato é que as pessoas estão confundindo as coisas:
 
1° - Ninguém merece ser insultado por qualquer opinião – seja ela boa ou ruim – a respeito da Copa. Visões distintas não justificam agressões. Quem quer curtir tem o direito de curtir sem culpa, sem pressão, sem imposição.
 
2° - "Não faz sentido achar que festa de aniversário é hora adequada para mamãe e papai discutirem a relação. Poderemos debater nossos problemas com a profundidade e a urgência que eles merecem quando as visitas forem embora. A Copa não é do governo, a Copa é nossa." (Nizan Guanaes)
 
A minha vergonha é política. Única e exclusivamente. Mas o que entra em campo no dia 12 de junho é o nosso futebol. É o futebol do mundo. É a miscigenação. É a riqueza cultural. É o esporte pela paz, pela ciência, pela sustentabilidade e pelo respeito à diversidade étnica. É a nossa seleção – a mais vezes campeã – rumo ao Hexa!
 
Fora de campo, que fique claro, de uma vez por todas: os meus anseios, como brasileiro, são os mesmos de vocês. Toda a infra-estrutura de que o Brasil carece interfere diretamente na minha qualidade de vida. Não sou alheio ou indiferente aos nossos problemas sociais. Para pobres e ricos, a honestidade custa caro por aqui. Pago altos impostos e pouco desfruto do que é público. Sem saúde, educação, transporte e segurança de qualidade, sou obrigado a recorrer aos serviços particulares - ou seja, pago duas vezes. E nunca esqueci as minhas origens, sei também o que é ter o serviço público como única opção.
 
Mas represento o futebol, quero que a Copa seja linda e ponto final. Não há politicagem na minha posição. Tanto não há que deixo clara a minha desaprovação ao governo. Repudio a corrupção; sou prejudicado por tudo que prejudica cada brasileiro; e também desejo uma melhor e mais transparente gestão para o Brasil. Só não permito que a minha visão política me deixe cego para os inquestionáveis legados da maior competição internacional de esporte único sediada no nosso país.
 
A frustração com o governo deve se refletir nas urnas, e no engajamento político de cada cidadão para que as campanhas não se aproveitem tanto do analfabetismo funcional gerado pela cultura de massa. Mas as eleições são em outubro. A Copa do Mundo é agora! 
 
Devemos permitir que a política do nosso país, que já nos priva de tantas coisas, também nos prive agora de viver essa alegria?
 
Ôô galera! Preste atenção! Na Copa eu torço, manifesto na eleição!

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