"Tudo pode acontecer, mas nada vai afetar os jogos da Copa", diz Valcke

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em conversa com jornalistas no Rio

    Secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em conversa com jornalistas no Rio

Faltando exatamente 20 dias para o início da Copa do Mundo, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, não está ansioso. Pelo contrário. Ao iniciar uma conversa com alguns jornalistas na manhã desta sexta-feira, ele disse estar "relaxado". Vestindo uma camisa gola polo alaranjada, sem o terno que o acompanha em cada compromisso público no Brasil, Valcke reconheceu que nem tudo está como ele esperava no que diz respeito ao Mundial de 2014. Mesmo assim, afirmou convicto: "Tudo pode acontecer, mas nada vai afetar os 64 jogos."

E quando ele falou "tudo", considerou tudo mesmo. Ele sabe que as estruturas temporárias dos 12 estádios da Copa estão atrasadas, que ainda há problemas de telecomunicação a serem resolvidos, que nem todas as obras de infraestrutura ficarão prontas a tempo e a até que a construção do estádio de abertura do Mundial, o Itaquerão, corre contra o tempo. Sabe também que, nas ruas, muitas pessoas farão de tudo para atrapalhar o maior torneio de futebol do mundo. Mesmo assim, ratificou: "Nada impactará a Copa."

"Não quero que isso soe como uma provocação ou uma ameaça", complementou o homem forte da Fifa sobre os protestos. "Mas digo isso porque temos responsabilidade. Vamos realizar o torneio."

Segundo Valcke, ainda há questões a serem resolvidas. As equipes da Fifa ainda estão assumindo as arenas do Mundial, nem todos os equipamentos de televisão chegaram aos estádios e até um novo teste terá que ser realizado no Itaquerão. "Não ficamos satisfeitos com o nível de serviço e segurança. Por isso, pedimos um segundo jogo", disse ele, sobre o novo evento marcado para o dia 1º de junho.

Tudo isso, porém, não abala a confiança de Valcke para o Mundial. "Sempre fomos muito duros com nossos requerimentos", afirmou ele. "Nem tudo aconteceu no ritmo que a gente esperava, mas estará tudo pronto. Não podemos dar menos que o melhor para as seleções que treinaram tanto para estar neste torneio."

Legado

O secretário-geral da Fifa recebeu a imprensa em um hotel em frente a praia de Copacabana, junto do diretor geral do COL (Comitê Organizador Local) da Copa, Ricardo Trade, e do diretor de Marketing da Fifa, Thierry Weil. Da sala em que ele conversou com jornalistas, avistava-se o mar. Entre uma pergunta e outra, de vez em quando, Valcke olhava para o horizonte.

Estava calmo, até quando o assunto era a série de atrasos em obras de aeroportos e mobilidade urbana iniciadas pelo governo por causa da Copa. "Talvez não tenhamos uma mobilidade perfeita das pessoas, mas teremos o suficiente", respondeu. "Temos que fazer uma análise do Brasil daqui a uns anos. Ver como o país estava em 2007, quando ganhou a Copa, e como estará em 2017."

Sobre o governo, aliás, ele reconheceu que a relação foi tensa em alguns momentos. Ressaltou, porém, que o trabalho de autoridades ajudou muito na preparação para o Mundial. "Eles nos ajudaram muito a ter uma noção mais integrada das cidades-sede", complementou Trade, que vez ou outra também falava sobre o Mundial.

Lições do Brasil

Apesar de a Copa no Brasil nem ter começado ainda, Valcke disse também que ele e a Fifa já tiraram algumas lições do Mundial de 2014. Disse que a preparação de estádios privados é mais complicada que a de estádios públicos. Por isso, na Rússia, dos 12 estádios que serão usados, 11 serão estatais. Afirmou também que as responsabilidades do governo têm que ser definidas o quanto antes.

Valcke, inclusive, foi questionado se voltaria ao Brasil para passear após a Copa. Não disse que sim, mas afirmou que não há motivos para não voltar. Só fez uma ressalva: "deixaria o cabelo e a barba crescer para ninguém me reconhecer na rua", disse ele, em tom de brincadeira.

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