1,2 mil membros de organizadas argentinas se preparam para vir ao Brasil

Gustavo Grabia

Do Clarín, em Buenos Aires (Argentina)

Apesar de desmentir, a Associação de Futebol Argentina (AFA) já garantiu 900 ingressos para os jogos. Os torcedores brasileiros vão providenciar o alojamento. Os barra bravas triangularão a entrada pelo Paraguai e pela Bolívia.

As autoridades da Argentina e do Brasil calculam que haverá cerca 1.200 barras bravas mobilizando-se durante a Copa.

A logística dos torcedores (muitas vezes considerados violentos) depende de seus sócios locais. Em Porto Alegre, onde a seleção argentina jogará com a Nigéria no dia 25 de junho, o homem forte é Gilberto Bitancourt Viegas, o "Giba", chefe da torcida do Inter.

Em Belo Horizonte, onde a equipe de Sabella enfrentará o Irã, quem montará a recepção é Davidson Bernardes, o chefe da torcida do Cruzeiro.

E no Rio, para a estréia com a Bósnia, as negociações são com a torcida do Flamengo, via "Giba" Viegas, que há dois anos está proibido de entrar nos estádios no Brasil, por violência, é indicado como força de choque do Partido Democrata Social (PDS) e manipulando também o negócio da venda de entorpecentes.

Em abril, "Giba" Viegas esteve na Argentina para fechar o acordo com Torcidas Unidas Argentinas (HUA). Ofereceu alojamento em ginásios e casas particulares, deslocamentos internos e 200 tíquetes por partida que, segundo confirmou ao Clarín, ele não obteve através da página web da FIFA, único meio legal colocado à disposição do público.

Por meios "políticos"

"Eu consegui os tíquetes graças aos meus contatos políticos. Os governantes me dão os ingressos e depois eu faço trabalhinhos para eles com a minha gente em Porto Alegre. Em parte é parecido com o que se vê na Argentina, mas aqui tudo é muito mais desenvolvido. Para a gente eles só dão ingressos e ônibus, o resto dos negócios que a gente vê aqui, lá não são nossos.

Com quem eu trato na Argentina? Meu negócio é com o "Bebote Alvarez", disse "Giba" ao Clarín. Quem é o "Bebote"? É o chefe da barra brava do Independiente, que esteve preso no começo da década passada por delitos contra a propriedade e hoje tem direito de admissão nos estádios. "Bebote" lidera a barra de Independiente desde que saiu da prisão em 2004 e esteve nas Copas da Alemanha 2006 e África do Sul 2010 onde a barra do Independiente compartilhou um safari com Pablo Moyano e integrantes do sindicato de Caminhoneiros. Ele também estará no Brasil. 

A preocupação brasileira

O Brasil colocou a lupa sobre a viagem dos barras. A Argentina não pode impedir a saída do país daqueles que não têm uma proibição judicial, mas o Brasil poderia rechaçá-los.

Por isso o Ministério de Segurança da Nação entregou uma lista com os nomes de 1.500 barras com seus antecedentes. E o ministro do Esporte brasileiro, Aldo Rebelo, afirmou: "Vamos impedir a entrada dos barras argentinos que tiverem contas pendentes com a Justiça e se eles conseguirem atravessar a fronteira, serão identificados e deportados".

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