Visita de Dilma ao Itaquerão tem Andrés anfitrião, políticos e silêncio
Rodrigo Mattos e Vagner Magalhães
Do UOL, em São Paulo
A presença de Dilma Rousseff ao Itaquerão, na tarde desta quinta-feira, por alguns momentos mais pareceu um evento político do que uma visita a um estádio que será usado durante a Copa do Mundo. A presidente do Brasil, que foi acompanhada de perto pelo ex-presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, pisou no gramado rodeada por uma verdadeira comitiva de candidatos para as próximas eleições.
Cerca de 40 pessoas entraram no gramado ao lado da presidente. Entre eles estavam nomes como agora petista Marcelinho Carioca, ex-jogador e que vai concorrer ao cargo de deputado estadual, e Alexandre Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo também pelo PT.
Durante todo o tempo em que permaneceu no local, Dilma não conversou com a imprensa e permaneceu rodeada por sua comitiva. Enquanto isso, Andrés fez o papel de "anfitrião" e demonstrava alguns pontos do estádio para a chefe de Estado.
A única fala de Dilma registrada foi pouco tempo antes de ela entrar no local. Em uma espécie de discurso rápido apenas para sua comitiva, a presidente elogiou o trabalho realizado e o crescimento da Zona Leste da capital paulista.
"Essa vai ser uma região rica da cidade. Tem a Fatec, faculdade, coisa que o Brasil precisa muito... Tem uma conjunção de diferentes modais (transporte). Tem uma coisa que achei fundamental, que o prefeito me falou, que é a geração de empregos na região. Só a IBM vai gerar 3 mil empregos. E tem o estádio, que está uma beleza. Afinal de contas é o Corinthians", afirmou.
Se não falou com nenhum jornalista, Dilma foi simpática e conversou com os operários que estavam no momento da visita, chegando até a fazer uma "selfie" com um dos funcionários. Além disso, ela tocou a grama e recebeu um capacete dourado, com a bandeira do Brasil a inscrição "Presidenta Dilma Rousseff".
O único político que dialogou com a imprensa foi Fernando Haddad. Enquanto o estádio não está pronto por dentro, o prefeito de São Paulo afirmou que todas as obras viárias no entorno do estádio estarão concluídas na próxima semana.
Encontro com Movimento sem-teto
Antes de visitar o Itaquerão, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com representantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) por volta de 15h30 desta quinta-feira.
O encontro com os sem-teto ocorreu em um heliponto situado ao lado do estádio do Corinthians. Participaram da reunião o prefeito Fernando Haddad, o coordenador do MTST Guilherme Boulos, além de outras quatro lideranças da organização. A conversa durou cerca de 20 minutos.
O movimento pediu à Dilma que o movimento seja incluído como parceiro no programa "Minha Casa, MInha Vida". Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, avaliará a possibilidade de inclusão.
O MTST organizou uma ocupação de um terreno próximo ao estádio no último sábado (3). A área possui 150 mil m² e fica a 4 km da arena, ao lado do Sesc Itaquera e do Parque do Carmo. As famílias que ocuparam o espaço dizem que o aluguel de imóveis ficou muito caro naquela região em função da presença do estádio. Os ocupantes afirmam ainda que as obras no entorno do Itaquerão prejudicam o transporte.
Na reunião de hoje, Fernando Haddad disse aos líderes do MTST que estudará a desapropriação da área.
A reunião da presidente com as lideranças sem-teto ocorre depois da realização de ao menos cinco manifestações de movimentos sociais na capital paulista. O MTST organizou um ato junto com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na sede da Odebrecht --construtora responsável pela obra do Itaquerão--, no bairro do Butantã, zona oeste de São Paulo.
Outro grupo ligado ao MTST ocupou o hall de um prédio comercial na avenida Angélica, na área central de São Paulo, onde há escritórios da OAS Construtora. No local, gritaram palavras de ordem e exibiram faixas com mensagens, como "OAS ganha bilhões com a Copa em cima do sangue de operários e do dinheiro de todos nós".