Ministro ouve protesto anti-Copa, admite excesso da PM e culpa a Ditadura

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Vinicius Konchinski/UOL

    Ministro Gilberto Carvalho (esquerda) enfrenta protesto contra Copa do Mundo, no Rio de Janeiro

    Ministro Gilberto Carvalho (esquerda) enfrenta protesto contra Copa do Mundo, no Rio de Janeiro

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu nesta segunda-feira, em um debate sobre a Copa do Mundo de 2014 realizado no Rio de Janeiro, que as polícias militares dos Estados que enfrentaram manifestações durante a Copa das Confederações, em junho do ano passado, cometeram excessos ao reprimir as marchas e atos cometidos pelas pessoas que foram às ruas protestar contra a corrupção e a favor de investimentos em saúde, transporte e educação. Muitas das manifestações terminaram em atos de vandalismo e depredação de prédios públicos e bancos.

"A verdade é que não tínhamos uma polícia historicamente treinada para este tipo de manifestação (como as passeatas ocorridas em junho do ano passado). Essa formação é da época da Ditadura", disse Carvalho, referindo-se ao regime militar que vigorou no país de 1964 a 1990.

De acordo com ele, os excessos das polícias militares não voltarão a ocorrer neste ano, durante a Copa do Mundo, porque os governos estaduais dos 12 Estados-sede vêm se reunindo com o governo federal e está sendo traçada uma estratégia comum de atuação, com outro tipo de capacitação e orientação das forças de segurança que irão atuar no Mundial. "A sincronia tem sido muito boa", disse. 

Durante o debate, Carvalho enfrentou manifestações por parte de alguns dos integrantes de movimentos sociais, que puxaram o coro de "Não Vai Ter Copa" por várias vezes, além de terem erguido faixa com a frase estampada atrás de onde estava o ministro. Carvalho até chegou a exaltar-se com as manifestações, mas não abandonou o evento.

Apesar disso tudo, o ministro não criticou as manifestações nem os manifestantes. Pelo contrário. Estimulou novas passeatas para o Mundial de 2014. "Tomara que aconteçam as manifestações. Eu torço para elas aconteceram, para que o mundo veja a democracia que é o Brasil. Mas sem violência. Aqueles que quiserem fazer violência serão tão poucos que a própria população vai os reprimir", disse Carvalho. 

O político ministrou uma palestra em que tentou mostrar os benefícios para a população da realização da Copa do Mundo no país. A palestra de Carvalho seguida do debate sobre a Copa são uma tentativa do governo federal para amenizar as criticas sobre a organização do Mundial. Integrantes de movimentos sociais que estiveram no evento nesta noite, queixaram-se dos altos investimentos públicos no torneio.

Na Copa das Confederações, esse também havia sido o motivo dos inúmeros protestos que aconteceram no país. Gastos com reformas e construções de estádios foram alvo de manifestações no ano passado, as quais assustaram a Fifa. A entidade teme uma nova onda de manifestações entre os dias 12 de junho e 13 de julho deste ano, quando acontece a Copa do Mundo. 

Na semana passada, Gilberto Carvalho também se reuniu com representantes de movimentos sociais em São Paulo e enfrentou o mesmo tipo de protestos. Desta vez, no Rio de Janeiro, Carvalho também mencionou a questão das desapropriações, tema que tem estado na ordem do dia no Rio de Janeiro. O ministro reconheceu que algumas remoções estão sendo feitas e ainda admitiu também que o Brasil tem problemas que precisam ser enfrentados independentemente da Copa, como "esgotos a céu aberto e falta de infraestrutura".

*Atualizada às 22h55

Protestos na Copa das Confederações
Protestos na Copa das Confederações

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