Barras dão dor de cabeça, mas RS espera lucrar com argentinos na Copa

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

  • AFP PHOTO / Juan Mabromata

    Barra-bravas montarão seu QG em Porto Alegre durante a Copa, mas cidade conta com dinheiro dos gringos

    Barra-bravas montarão seu QG em Porto Alegre durante a Copa, mas cidade conta com dinheiro dos gringos

Porto Alegre vai andar sob uma linha tênue durante a Copa do Mundo. Pela proximidade com a Argentina, a cidade receberá um número de hermanos que pode se destacar dentro do turismo local durante o torneio. Mas também precisará lidar com os barra-bravas, que irão fixar sede na capital gaúcha durante um mês.

A previsão do governo estadual é de que pelo menos 50 mil argentinos passem por Porto Alegre, com o ápice desta onda gringa ocorrendo em 25 de junho, quando a seleção de Messi, Aguero e companhia encara a Nigéria no Beira-Rio.

O impacto argentino na economia pode chegar até R$ 35 milhões, segundo estudo da Fecomércio-RS. O levantamento também considera a partida entre Argentina e Nigéria como epicentro para toda a invasão de castelhanos.

"Como os jogos da Copa são à tarde, talvez eles se hospedem por pelo menos uma noite. Aí já temos o aumento nas receitas que ficam na cidade. E a Copa será em um período de férias, detalhe que pode fazer o turista esticar a estadia ainda mais", comenta o economista Lucas Schifino.

Mas o outro lado da moeda também existe. No final de 2013 o grupo Hinchadas Unidas Argentinas confirmou que montará o seu QG em Porto Alegre. É este o órgão que viabiliza a viagem dos chamados barra-bravas para a Copa do Mundo.

A expectativa do grupo é contar com até 300 torcedores na capital gaúcha durante os 30 dias do torneio. Todos ficarão alojados no bairro Partenon, zona leste da cidade, e deverão contar com transporte e até assistência jurídica.

"Vamos receber todos os cidadãos argentinos de maneira civilizada, mas é claro que este grupo de torcedores requer cuidado especial. Os contatos deles aqui no estado também", afirmou o secretario de segurança do Rio Grande do Sul Airton Michels.

O principal contato das barras em solo brasileiro é Jorge Martins, conhecido como Hierro. Ex-líder da torcida Guarda Popular, do Internacional, ele foi o responsável por costurar o acordo que transformará Porto Alegre em base dos hermanos.

E as relações entre Brasil e Argentina neste âmbito estão sendo monitoradas. Os órgãos daqui solicitaram arquivos sobre torcedores com pendências jurídicas e outros que possuem entrada proibida nos estádios do país vizinho.

"Existe um trabalho de cooperação entre os países realmente. Estamos levantando dados, temos operações que contam os esforços da Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Rodoviária para monitorar as estradas perto das fronteiras do Uruguai e da Argentina", contou Michels.

Além do dossiê, a secretaria de segurança estadual também planeja incrementar o efetivo em Porto Alegre durante a Copa. Cerca de dois mil homens virão do interior para auxiliar no policiamento como um todo, não apenas voltado para os visitantes. Delegacias móveis serão espalhadas pelas ruas. E bairros boêmios receberão cuidado especial.

"Eles ficarão no Partenon, mas certamente vão fazer turismo em outros bairros. Nós vamos fazer um resguardo maior no centro e na cidade baixa. Este será um trabalho de inteligência e prevenção", apontou o secretário estadual.

Os órgãos de segurança chegaram a realizar ações em caráter experimental no último dia 13, quando cerca de 1.200 argentinos vieram a Porto Alegre para assistir a partida entre Grêmio e Newell's Old Boys. O esforço policial, contudo, não evitou uma briga entre as duas torcidas horas antes do jogo na Arena do Grêmio.

Na Copa do Mundo de 2010, os barra-bravas argentinos estiveram envolvidos em um episódio que terminou com a morte de um torcedor. E outros 29 foram deportados.

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