PF faz greve e denuncia indicação política na cúpula da segurança da Copa
Do UOL, em Brasília
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Danilo Verpa/Folhapress
Policiais federais fazem manifestação em SP no dia 11 de fevereiro: nova greve e denúncia contra segurança da Copa
Policiais federais entram em greve para protestar contra as indicações políticas nos cargos de comando das operações de segurança para a Copa do Mundo. Além disso, os policiais reclamam que muitos gastos têm sido realizados com serviços de segurança privada temporários para o Mundial, em detrimento de investimentos duradouros na PF e nas policiais militares estaduais.
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) anunciou uma greve de agentes, escrivães e papiloscopistas de três dias a partir desta terça-feira (11). Na quarta-feira (12) a entidade, que afirma representar cerca de 14 mil servidores da PF, promove uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. De acordo com a Fenapef, apenas no estado de São Paulo a greve será de apenas um dia, na quarta-feira. Em fevereiro, a categoria promoveu manifestações semelhantes, contra o "sucateamento" da PF no país.
"A entidade denuncia que servidores burocratas, sem experiência operacional em campo, estão sendo indicados por critérios políticos para planejarem e coordenarem a segurança da Copa 2014", diz o comunicado divulgado nesta segunda-feira (10). "Os agentes federais estão preocupados, pois a cúpula do Governo aparenta estar mal assessorada, sem noção da realidade. Na tomada de decisões, policiais especializados e experientes em campo não são ouvidos. E devido às falhas gerenciais, o que se observa é uma tendência emergencial à militarização, com tanques e fuzis apontados para os brasileiros", denuncia a Fenapef.
A entidade denuncia que o trabalho de prevenção e fiscalização nas fronteiras, portos e aeroportos não é feito, o que pode gerar surpresas perigosas durante a Copa. "Para os investigadores experientes, acostumados a produzir anonimamente as grandes operações da PF, as maiores fragilidades da Segurança Pública no Brasil estão nas fronteiras e nos aeroportos. E nestas duas frentes o que se observa são falhas graves de gestão, enquanto são gastos milhões em soluções maquiadas 'para inglês ver'", diz o comunicado enviado à imprensa.
"Em todos os aeroportos e unidades de fronteiras brasileiras, sem exceção, não existe uma quantidade suficiente de agentes federais para cuidar do policiamento aeroportuário, de fronteiras e combate ao crime organizado", afirma Jones Borges Leal, presidente da Fenapef. "Em alguns aeroportos não tem nenhum. E infelizmente mais de 250 policiais federais abandonam a profissão todos os anos, pois a carreira tem sido duramente sucateada pelo governo", afirma ele.
A federação denuncia que a segurança nos aeroportos está cada vez mais nas mãos de empresas privadas, o que traria prejuízo para a qualidade dos serviços prestados, que na visão da entidade deveriam ser prestados por policiais federais.
"Enquanto compras milionárias de equipamentos luxuosos são anunciadas como soluções, a Polícia Federal continua em crise, e as fronteiras do país continuam abertas para o tráfico de drogas e armas. Devido à politicagem na Segurança Pública, a sociedade brasileira sofre com o aumento da violência e da criminalidade, que aterrorizam toda a população", afirma a Fenapef em seu aviso de greve.
Apesar da contundência das afirmações, a entidade não dá nomes para os indicados políticos na coordenação das ações de segurança da Copa, e diz apenas que protesta por uma Segurança Pública "padrão Fifa".
Procurado pela reportagem para comentar as afirmações do movimento grevista da PF, o Ministério da Justiça não se manifestou até a publicação deste material. O orçamento total de segurança para a Copa do Mundo é de R$ 1,8 bilhão, com a maior parte do valor já executada. Neste montante, está previsto o investimento na Polícia Federal, Forças Armadas e polícias militares e civis dos estados-sede.