Técnicos da Copa tentam ver manifestações como 'normais'. Mas não muito

José Ricardo Leite e Rodrigo Mattos

Do UOL, em Florianópolis

Quem viu não guarda boas lembranças, e quem só ouve falar demonstra desconforto quando questionado. É com sensação de incômodo que as seleções que participarão da Copa do Mundo se pronunciam quando o assunto se refere às manifestações populares dentro do Brasil.

Chefe da delegação italiana, o ex-jogador Demetrio Albertini lamentou o que viu no país durante a Copa das Confederações e espera que o problema seja controlado para a disputa de um Mundial com segurança.

"Manifestações são normais para pessoas com problemas. Vimos como uma lástima para as pessoas que querem se confrontar com o governo por uma situação melhor, mas nós, como esportistas, queremos um esporte seguro. Fala-se muito das manifestações, e minha esperança é que todos se entendam com o governo", afirmou.

Outros dois esportistas que viram os protestos de perto foram Óscar Tabárez, técnico do Uruguai, e Carlos Queiroz, treinador do Irã e que veio ao Brasil no meio de 2013 apenas para acompanhar a fase final do torneio como espectador. O português disse que o governo brasileiro soube lidar bem com o problema, mas demonstrou ter na cabeça imagens que não gostaria de voltar a ver.

"Estive no Rio, observei [as manifestações] e não comentei. É claro que nós treinadores e as pessoas do futebol não achamos bom ter um jogo com ruas bloqueadas. Futebol é festa com pessoas nas ruas se divertindo. Quando eu ia pro estádio, não gostei de ver ruas vazias. Não é isso que se espera de um campeonato. Por outro lado, foi impressionante como  organização e autoridades conseguiram se manter em um momento de tensão fora do futebol", afirmou Queiroz.

Tabárez, quando questionado, não quis se alongar. Mas lembrou que uma das coisas importantes que será debatida esta semana no congresso técnico da Fifa, em Florianópolis, é justamente a segurança. "É um problema interno do Brasil que tem que ser solucionado. A segurança é um dos assuntos que vai ser debatido aqui."

Protestos na Copa das Confederações
Protestos na Copa das Confederações

Quem só ouve falar dos problemas também se assusta, como o treinador da Grécia, o português Fernando Santos. Mesmo ressaltando que as notícias podem ser aumentadas, diz sentir medo. "Na Europa, às vezes, chega uma coisa (notícia) muito maior do que é. Vejo pela Grécia em que falam de protestos e vejo que são coisas menores. Mas temos receio por causa da confusão com essas manifestações durante a Copa. Há uma preocupação grande minha e da federação", disse.

Teve até opinião mais enfática, como o treinador da Costa Rica, Jorge Luis Pinto, que é colombiano. Ele não hesitou ao ser questionado qual é seu maior temor durante o Mundial. "O único problema que vejo para o Mundial no Brasil é a questão social, que tem protesto e manifestações. O resto não tem problema, o povo brasileiro gosta de futebol. É claro que (as manifestações) preocupam. Sou de país latino americano, sei como é", afirmou.

Depois, ainda fez um apelo. "Queria pedir ao povo brasileiro que curta o Mundial. A Copa não é momento de manifestações sociais e protesto. Façam isso em outro momento", completou Jorge Luis Pinto.

A segurança é o tema que será debatido nesta quinta-feira em Florianópolis. Gerente do COL (Comitê Organizador Local) responsável por ouvir os chefes de delegações para alinhar a logística durante o Mundial, Frederico Nantes disse que não houve nenhum pedido especial de reforço de segurança até agora.

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