Manifestante baleado por policiais pode ter perdido movimentos do braço

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

Baleado por 3 policiais após o protesto contra a Copa do Mundo que aconteceu no sábado, em São Paulo, Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves ainda corre risco de vida. O jovem, de 22 anos, está internado no hospital da Santa Casa, na capital paulista, e aparentemente perdeu os movimentos do braço atingido pelos disparos e um testículo.

Fabrício estava entubado até a manhã desta segunda-feira, quando acordou pela primeira vez após levar dois tiros no bairro de Higienópolis, na noite do sábado. Acusado de homicídio pelas autoridades, que afirmam que ele tentou agredir um policial com um estilete, o rapaz está em um quarto vigiado por dois soldados e só pode receber a visita da mãe após a presença de um advogado.

Quem passou a tomar conta do caso foi o advogado Daniel Biral, que faz parte do grupo Advogados Ativistas, que atua em situações emergenciais."Parece que ele perdeu o movimento do braço atingido, um testículo e muito sangue", confirmou o Daniel em entrevista ao UOL Esporte

O advogado ainda revelou que Fabrício pediu para ver o pai, que mora no interior e está a caminho da capital, logo quando acordou. A família só ficou sabendo do que aconteceu pela imprensa, que entrou em contato com uma prima distante. 

De acordo com as autoridades, Fabrício participou da manifestação que aconteceu no sábado. Imagens divulgadas pelo Fantástico, da Globo, no domingo, mostram o momento em que o jovem tenta escapar dos policiais quando para. Um soldado caiu e o rapaz vai para cima dele. Então, os outros dois se aproximam. Não é possível ver o momento dos disparos. Fabrício ainda se levantou e tentou caminhar. No entanto, caiu pouco tempo depois. Os oficiais levaram o baleado para o hospital. Segundo as autoridades, o rapaz resistiu à prisão e tentou atingir um PM com um estilete, o que forçou uma legítima defesa.

O protesto que aconteceu em São Paulo no sábado terminou em uma grande confusão e com mais de 100 detidos. Um grupo de manifestantes entrou em confronto com policiais militares na região do Teatro Municipal. Após a primeira confusão próxima ao teatro, o grupo subiu em direção à Avenida Paulista pela Rua Augusta, onde aconteceram outros atos de vandalismo.

A manifestação começou na avenida Paulista, onde os participantes fecharam os dois sentidos da via. Segundo a Polícia Militar, eram mil protestantes. Por volta das 18h30, o grupo tomou a avenida Brigadeiro Luis Antônio, na direção do centro de São Paulo, liberando a Paulista.

Assustados com a movimentação, os comerciantes da Brigadeiro Luis Antônio baixaram as portas mais cedo, mas nenhum conflito foi registrado.

Por volta das 17h, um grupo de "blacks blocs" ocupou a via e fechou a pista no sentido Consolação. Cerca de 50 minutos depois, a própria polícia tomou a iniciativa de fechar o sentido Paraíso e deixar os manifestantes tomarem a Paulista inteira na região do Masp.

Às 18h, o grupo de manifestantes começou a caminhar pela avenida no sentido Paraíso. Segundo a organização do ato, não foi definido um local para o término do protesto.

Os manifestantes entoam gritos como "Não vai ter Copa" e "O Brasil, vamos acordar! Um professor vale mais do que o Neymar".
Desde as 0h desde sábado, um grupo de cinco a dez manifestantes montou barracas no vão livre do Masp. O grupo começou a ganhar força no final da manhã.

A manifestação foi organizada pelo Facebook e o evento criado na internet chegou a contabilizar mais de 24 mil confirmações. Durante a madrugada, alguns manifestantes já estavam acampados no local. O grupo se autodenomina "Se não tiver direitos não vai ter Copa".

O grupo divulgou um manifesta em que critica a realização da Copa do Mundo no Brasil  e pede que os recursos públicos sejam direcionados a "um melhor sistema de transporte, moradia e saúde para a população".

OUTRAS CIDADES

O sábado foi um dia com diversas manifestações contra a realização do Mundial. Atos vinham sendo articulados em 32 cidades espalhadas pelo Brasil, como em Brasília, onde um pequeno grupo protesta. No Rio de Janeiro, o protesto começou pequeno, com cerca de 50 pessoas por volta das 17h, em Copacabana.

Às 18h30, o grupo, que já contava com 70 pessoas, fechou um dos sentidos da avenida Atlântica, em Copacabana. O número de manifestantes decepcionou pela expectativa criada - havia mais policiais militares do que protestantes. Para chamar a atenção, os protestantes jogaram futebol no meio da pista e exibiram cartazes em inglês.

Duas horas depois, o grupo, que aumentou para 120 pessoas, chegou a Ipanema e começou a se dispersar sem nenhuma confusão. Porém, mais tarde, o Shopping Leblon e Teatro Oi Casagrande fecharam as portas pela chegada dos manifestantes que foram até o Leblon e ameaçaram iniciar um 'rolezinho'.

Em Goiânia, cerca de 100 pessoas caminharam pelo centro da cidade com cartazes criticando os gastos excessivos com o Mundial. O mesmo número de manifestantes também marcou presença em ato em Brasília, segundo a rádio CBN.

Curitiba também foi palco de protestos e há relatos de vandalismo contra o sistema de transporte público, com ao menos um ônibus destruído. Em Natal, no Rio Grande Norte, um grupo de manifestantes ocupou a BR-101 em protesto contra a realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil.

O movimento se reuniu em frente a Arena das Dunas, onde jogaram futebol e gritaram palavras de ordem contra a realização do evento, como ocorreu em outras cidades-sedes no país. A via foi bloqueada.

Houve protestos em frente a Arena Amazônia, palco das partidas do Mundial em Manaus, e também na Praça 13 de maio, no centro da capital Recife, contra os gastos nos preparativos para a Copa de 2014.

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