Hóspedes relatam revista da polícia em todos os quartos de hotel invadido
Paulo Passos
Do UOL, em São Paulo
Um dos momentos mais tensos do confronto entre manifestantes e policiais no protesto contra a Copa do Mundo, neste sábado em São Paulo, a invasão de um hotel na rua Augusta assustou hóspedes e funcionários que estavam no local. Em relatos à reportagem do UOL Esporte, testemunhas descreveram a fuga dos manifestantes, entre eles integrantes dos black blocs, e a ação da Polícia Militar.
Um grupo de pelo menos 60 jovens fugiu após depredar uma concessionária, uma agência bancária e carros na rua Augusta. Por volta das 20h, os manifestantes entraram no hotel Linson.
"Foi mais um susto na hora que eles entraram. A gente não sabia o que eles queriam. Mas estavam só fugindo mesmo, não houve quebra-quebra aqui", afirmou um funcionário do hotel, que pediu para não ser identificado.
Os policiais militares entraram no estabelecimento logo após a fuga.
"Foi tenso. Eu estava no quarto e ouvi barulho de gritos, pessoas batendo nas portas. Desci para ver o que era e a polícia já estava no saguão. Teve tiros, mas acho que foi de borracha", afirmou a hóspede Majorie Marchi.
Segundo ela, os policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar revistaram todos os 27 quartos que estavam ocupados no hotel. "Eles pediram para a gente abrir a porta e entraram atrás dos manifestantes", conta.
A ocupação do hotel durou aproximadamente quatro horas, até os manifestantes serem capturados e levados para a 78º DP (Delegacia de Polícia) do bairro Jardins, para onde foram todos os 138 detidos nos protestos deste sábado em São Paulo. Na madrugada deste domingo, eles foram liberados.
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Manifestantes capturados dentro de hotel
A reportagem do UOL Esporte tentou falar com o gerente do hotel, mas funcionários afirmaram que ele só pronunciaria nesta segunda-feira. Neste domingo, o estabelecimento estava aberto ao público e funcionando normalmente.
Confrontos e carro queimado
O que começou como um protesto pacífico, acabou em quebra-quebra e com mais de uma centena de detidos em São Paulo. A manifestação deste sábado fez parte de uma série de atos em todo o país contra a organização da Copa do Mundo no país.
Na capital paulista, houve confronto com a polícia na região do Teatro Municipal, na rua Augusta e em outros pontos do centro da cidade.
Segundo a Polícia Militar, os manifestantes queimaram um Fusca na rua da Consolação. Ainda na Augusta, clientes de alguns bares se irritaram com a situação, atiraram garrafas contra os manifestantes em um novo princípio de confusão.
Para tentar terminar com o confronto, o Batalhão do Choque da PM desceu a rua Augusta e os vândalos jogaram rojões contra os policiais.
O primeiro momento de tensão aconteceu na rua Barão de Itapetininga, na região central de São Paulo. Apesar do tumulto, a polícia preferiu não usar bombas de efeito moral e a confusão foi esvaziada pouco tempo depois.
Segundo a Polícia Militar, via Twitter, houve depredação na via e black blocs arremessaram bolas de gude e dois coquetéis molotov contra policiais militares ao serem impedidos de avançarem por uma barreira da tropa do choque. Por volta das 20h, eram 1,5 mil manifestantes.