Fifa pediu privilégio para torcedor durante a Copa em SP. Haddad disse não
Tiago Dantas
Do UOL, em São Paulo
A prefeitura de São Paulo não vai bancar o transporte gratuito de torcedores durante a Copa do Mundo. Quem vier à capital paulista assistir aos jogos do Mundial vai pagar R$ 3 pelo metrô ou pelo ônibus, como qualquer outro paulistano.
O recado foi dado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, durante reunião na manhã desta segunda-feira, 20. O secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini, acompanhou o encontro, representando o governador Geraldo Alckmin (PSDB). O transporte gratuito aos fãs não é uma exigência contratual da Fifa, mas foi um pedido da entidade.
Na Copa das Confederações, quem mostrava o ingresso andava de graça nos ônibus de Belo Horizonte, Distrito Federal e Fortaleza em dias de jogos. Integrantes da Fifa e do COL (Comitê Organizador Local) argumentam que seria bom ter o benefício na Copa.
Políticos ligados a Haddad, porém, avaliam que a cidade não deve arcar com esse custo, especialmente um ano após os protestos contra o aumento da tarifa. O governo do Estado e a prefeitura já investiram cerca de R$ 500 milhões em obras de mobilidade no bairro de Itaquera, onde fica o novo estádio do Corinthians, segundo o secretário estadual de Planejamento, Júlio Semeghini.
O poder público planeja uma operação especial de trens, metrô e ônibus para os dias de jogos. Uma das propostas em estudo é fazer a Linha 11-Coral da CPTM ir direto da Luz a Itaquera perto do horário das partidas – atualmente, as composições param nas estações Brás e Tatuapé.
Na reunião com Valcke, Haddad pediu, ainda, que as equipes envolvidas na organização do evento fechem a lista de pendências de cada esfera de governo ou órgão até sexta-feira. O prefeito quer saber o que falta ser feito, quem é responsável e quanto deve ser investido.
Até o fim do mês, técnicos da Prefeitura devem fechar a conta sobre os gastos extras. Os governos do município e do Estado têm trabalhado para reduzir o dinheiro que irão gastar com as chamadas estruturas complementares: uma série de construções que precisam ser feitas ou equipamentos que terão que ser comprados para serem utilizados apenas durante a Copa.
Redução de custos
A organização da Fan Fest em São Paulo, por exemplo, será paga pela iniciativa privada e pelo COL. Para conseguir as vagas de estacionamento exigidas pela Fifa, o poder público pretende utilizar o terreno da Fatec (em frente ao estádio) e parte do estacionamento do Shopping Itaquera. O centro de voluntariado também vai usar o prédio da Fatec, que estará em férias.
As arquibancadas temporárias, que aumentarão a capacidade da arena para a abertura da Copa, serão pagas pela Ambev e mais três parceiros privados, segundo o governo do Estado. As outras estruturas que tornarão o estádio capaz de receber o jogo de abertura, como estrutura de tecnologia, devem ser pagas pelo Corinthians, de acordo com a vice-prefeita Nádia Campeão, coordenadora do SPCopa (Comitê Especial para a Copa do Mundo).
"Nosso objetivo é diminuir o máximo possível o gasto com essas estruturas. Cada um de nós vai cumprir o que está no contrato. Tudo o que for legado, eles [o Corinthians] já estão fazendo, o que for ficar para o estádio. O que é da Arena vai ser pago pelo Corinthians. O que é da Prefeitura é pago pela prefeitura", afirmou Nádia, após acompanhar a visita da comitiva da Fifa a Itaquera nesta segunda.