Traficantes do RJ projetam lucro para Copa, e TV britânica mostra rotina

Do UOL, em São Paulo

O canal inglês Channel 4 publicou um vídeo gravado dentro de favelas do Rio de Janeiro, mostrando a rotina de traficantes na produção e venda da droga e suas expectativas em relação à possibilidade de lucro durante a Copa do Mundo.

A reportagem de quase sete minutos foi produzida pelo documentarista Guillermo Galdós, que entrou no reduto dos traficantes. O vídeo também conta com imagens fortes, como a de um homem morto a tiros, coberto por plástico, e a população limpando a calçada manchada de sangue.

Logo no início, Galdós entra na favela e mostra os traficantes cortando um tablete de cocaína e depois misturando com fermento químico e adrenalina injetável. "Se Deus quiser, [a Copa] vai nos ajudar a vender quilos de coca por dia. Isso aqui vai ser só o começo", diz um traficante. Galdós aparece no vídeo para explicar que eles vendem 2 kg de cocaína por dia e esperam dobrar a quantia na época da Copa.

O documentário exibe também as armas dos criminosos e detalhes como o relógio de ouro que um deles está usando e explica que foram semanas de negociação com o tráfico antes de conseguir autorização para entrar no local.

Os traficantes chamam os policiais de "covardes". "Eles só entram quando está cheio de morador, quero ver entrar de madrugada, vão escutar muito tiro", comenta um deles.

O documentário, depois, mostra a ação dos policiais, contextualizando o cenário da pacificação das favelas. Eles aparecem revistando e perseguindo alguns suspeitos em Cidade de Deus. "Ainda não é uma área 100%, mas melhorou muito, do ponto de vista que era. Aqui, certamente já estaríamos sendo alvejados por disparos de arma de fogo", relata um policial ao caminhar na favela.

Depois, o documentarista exibe um homem sendo retirado após ter sido morto a tiros, e a polícia mandando o cinegrafista interromper a filmagem. Segundo ele, o crime acontece a menos de 2 km do Maracanã.

Galdós ouve William, que se apresenta como um líder da comunidade da favela da Mangueira, próxima ao estádio. Segundo ele, os traficantes sabem conversar melhor com os moradores do que a polícia. "Eles [policiais] entraram aí com essa força toda, não respeitam o morador. A gente conhece [o traficante], foi criado e conviveu junto, [eles] respeitavam muito mais", finaliza o entrevistado.

No fim do vídeo, uma nova ameaça dos traficantes, que aparecem vendendo trouxas de maconha por 2 dólares e cocaína por 5 dólares. "O crime não vai parar. Quantas comunidades pacificadas do Rio têm armas, drogas? Não adianta nada" Questionado sobre o que os criminosos farão caso sejam importunados por policiais, ele responde: "nós vamos tomar várias 'bocas' de milícia e provocar a guerra aqui no Rio de Janeiro".

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