Ex-grevista e hoje cartola, Platini diz que Bom Senso FC precisa ser ouvido
Ricardo Perrone
Do UOL, na Costa do Sauípe
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AP Photo/Keystone/Salvatore Di Nolfi
Ex-craque da seleção francesa, Platini afirma que fez greve pelo fim do passe quando era jogador
Durante 14 minutos, o ex-jogador Michel Platini, presidente da Uefa, respondeu a perguntas de um grupo de três jornalistas brasileiros nesta terça-feira, na Costa do Sauípe, na Bahia. Indagado pelo UOL Esporte se conhecia o Bom Senso FC, ele disse desconhecer o movimento. Mas lembrou que já fez greve quando jogava e defendeu que os atletas sejam ouvidos. De bom humor, Platini só se esquivou de uma pergunta, sobre quem é o melhor jogador do mundo no momento. Confira abaixo a entrevista:
Pergunta: O que o senhor acha de jogos às 13h na Copa do Mundo no Brasil?
Michel Platini: Não vejo problemas. Se você sabe com antecedência que vai jogar nesse horário, no calor, você se prepara e não tem problemas. É uma questão econômica. Se você quer mais gente assistindo aos jogos, precisa ver o melhor horário. Eu joguei uma Copa no calor, por volta das 12 horas, no México, em 1986, vocês sabem (sorrindo) [a França eliminou o Brasil nas quartas-de-final, nos pênaltis, após ele marcar no 1 x 1]. Todo mundo sabe que a Copa aqui vai ser no calor, e em duas semanas dá para se preparar.
O acidente no estádio da abertura é um grande problema? O primeiro jogo em São Paulo está em risco?
É um grande problema porque houve mortes, por causa das famílias das vítimas. Mas não sou engenheiro para dar opinião, sou ex-jogador. Não sei como a prefeitura, as outras autoridades vão agir. O Ricardo [Trade, executivo do COL], explicou que existem várias questões administrativas, mas que a análise inicial é de que isso não deve atrapalhar a abertura.
O senhor conhece o Bom Senso FC?
Não.
É um movimento de jogadores brasileiros que faz reivindicações, como menos jogos por temporada.
São jogadores profissionais? Se eles acham que jogam demais, precisam ser ouvidos. As pessoas envolvidas devem conversar, discutir o assunto. Na Uefa, ouvimos o sindicato. Se queremos mudar algo, conversamos com eles. Se concordam, mudamos, se não concordam, não mudamos.
Mas o Bom Senso não reconhece o sindicato como representante.
Então eles precisam ser ouvidos. Eu fiz greve em 1972, para os jogadores ficarem livres após o contrato [fim do passe]. Mas a greve nunca é um bom caminho, o melhor é conversar, buscar um entendimento.
Um dos problemas é que há um conflito de interesses entre o que os jogadores querem e o que a televisão quer.
Então, precisam colocar a televisão na discussão. A televisão mostra os jogadores, precisa deles. Por outro lado, os clubes precisam do dinheiro da televisão para pagar os jogadores. Então, eles precisam buscar um acordo.
O senhor vai ser candidato à presidência da Fifa?
Só vou decidir isso depois da Copa do Mundo de 2014, como muitos vão fazer.
Na sua opinião quem é o melhor jogador do mundo?
Essa não é uma boa pergunta para mim. Se eu falar de um, vão reclamar que não falei do outro.
O que o senhor acha do Neymar?
Gosto dele, é um jogador jovem, de muitas qualidades.