Soccerex pode voltar ao Brasil em 2014 e diz que não há temor por segurança

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

A Convenção Global Soccerex começaria no próximo dia 30, no Rio de Janeiro. Mas a maior convenção de negócios do futebol mundial acabou cancelada após o Governo do estado retirar o apoio financeiro e logístico estabelecido no contrato. Mesmo com os prejuízos, a empresa, que tem sede na Inglaterra, mantém o desejo de voltar ao Brasil ainda antes da realização da Copa do Mundo em 2014 e descarta rumores de temor pela segurança local em função de protestos no país contra gastos com o Mundial.

A edição de 2013 seria a quarta da convenção no Rio de Janeiro, e a última prevista no contrato com o estado. O cancelamento ocorreu menos de um mês antes da data de início do evento e trouxe consequências graves para a Soccerex. O UOL Esporte apurou que a convenção receberia cerca de 615 empresas, mais de 120 clubes de outros países e um total de 960 jornalistas. Além disso, eram esperadas presenças de nomes como o do presidente da Fifa, Joseph Blatter, de treinadores das seleções classificadas para o Mundial e dos presidentes dos comitês organizadores das últimas duas edições da Copa, além da Rússia, sede de 2018, e do Catar, de 2022.

Com a quebra do contrato pelo Governo do Rio, a Soccerex iniciou um processo para ressarcir todos que pagaram por credenciais, estandes, patrocínios e workshops. Também entram nas despesas passagens aéreas e 1200 reservas de hotel que não foram devolvidas integralmente pela pouca antecedência no cancelamento. Aos lesados, a empresa alega força maior, se resguardando caso tenha de mover ação judicial contra o Governo do Estado. O Governo tinha ainda oferecido o Maracanã, mas o consórcio que administra o estádio reagiu afirmando que este é mais propriedade pública.

Um processo, entretanto, seria a última opção para os organizadores da convenção. A Soccerex ainda acredita poder realizar um evento no Brasil em 2014, em meados de março ou abril, antes da Copa. O Rio é visto com bons olhos, e a vinda ao país seria um importante elemento para uma composição amigável, mas já há diálogo com outros órgãos públicos e privados. Mesmo o plano B envolve uma negociação amigável em busca de uma indenização.

A cúpula da empresa nega os rumores de que teria manifestado temor pela segurança do evento no Brasil devido às manifestações populares contra os gastos públicos com a Copa do Mundo, que eclodiram durante a Copa das Confederações. O Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a afirmar que era absurdo acusar o país de não oferecer segurança.

"A Soccerex diz claramente que nunca alegou nenhuma falta de segurança, e inclusive quer voltar ao Brasil. Em 2010, um ano em que o Rio passava pela pacificação de favelas, o evento teve sua primeira edição e transcorreu com sucesso, sem nenhum problema. Os países que viriam apresentar suas candidaturas, para 2018 e 2022 nos perguntaram se havia segurança, e asseguramos que era pacífico e um excelente palco", afirmou Ricardo Setyon, supervisor de comunicação e estratégia da Soccerex no Brasil.

O Tribunal de Contas do Estado também questionou o legado da convenção e criticou o Governo do Rio pelos gastos em torno dela. Por parte da Soccerex, Setyon afirma que pelo menos três legados importantes foram deixados pelas edições anteriores.

"Existe o legado social: durante três anos, fizemos um evento de dois dias gratuito, com torneios de futebol entre Unidades de Polícia Pacificadora, com deficientes visuais, transmitidos ao vivo. Existe o legado comercial de um evento que, na edição passada, moveu R$ 200 milhões em negócios, e poderia, durante a sua realização, aumentar em cerca de 1,3% a economia do estado. E existe o legado informativo, de uma situação na qual a imprensa tem acesso a personalidades como Franz Beckenbauer, Ruud Gullit e Joseph Blatter. E um espaço que permita que aqueles que não estejam envolvidos diretamente com a Copa também encontrem algum benefício econômico, não existe mais" afirmou.

Para a edição 2013, estavam previstos vários painéis de debate, dentre os quais um com o Movimento Bom Senso F.C., para debater os problemas do calendário do futebol brasileiro com membros da FifPro, entidade mundial de representação dos jogadores, da própria Fifa, da mídia e dos dirigentes de clubes, federações e CBF.

O Governo do Rio de Janeiro ainda não se posicionou oficialmente sobre a possibilidade de ressarcimento financeiro à Soccerex. Nos próximos quatro anos, a Convenção Global acontecerá em Manchester, na Inglaterra.

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