Sem laboratório, Brasil quer filial de estrangeiro para antidoping da Copa

Aiuri Rebello

Do UOL, em Brasília

  • Reuters

    Funcionário no laboratório de Harlow, responsável pela análise dos exames antidoping na Olimpíada de Londres

    Funcionário no laboratório de Harlow, responsável pela análise dos exames antidoping na Olimpíada de Londres

Com o único laboratório antidoping oficial do país descredenciado pela Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês) e um novo centro em construção que não ficará pronto a tempo, o governo brasileiro quer trazer uma 'filial' de um laboratório estrangeiro para realizar os testes durante a Copa do Mundo do ano que vem. A medida, em discussão pelo Ministério do Esporte em conjunto com a Fifa, visa diminuir os custos e problemas logísticos de transportar diariamente para fora do país dezenas de amostras para serem analisadas.

Nesta segunda-feira (4), o Ministério do Esporte publicou no Diário Oficial da União uma resolução em que acabou com as "Normas Básicas de Controle da Dopagem nas Partidas, Provas ou Equivalentes do Desporto de Rendimento de Prática Profissional e Não-Profissional", criadas pelo CNE (Conselho Nacional do Esporte) em 2004. A partir de agora, as únicas regras que valem no Brasil são as do Código Mundial Antidopagem, definido pela Convenção Internacional Contra a Dopagem nos Esportes da Unesco, em 2007. São as regras da Wada.

Na prática, o Brasil já seguia as recomendações do Código Mundial, mas agora as normas adicionais e específicas do país não valem mais. A medida alinha as regras de controle de dopagem do Brasil ainda mais com as praticadas em outros países, e a manobra dá espaço para que um laboratório que siga os mesmos procedimentos entre no Brasil, sem ter que se adequar à legislação e regulamentações locais.

"Seria um laboratório que esteja acreditado para montar uma operação satélite no Rio de Janeiro para atender, especificamente, à Copa do Mundo", declarou na semana passada à Agência Brasil o diretor executivo da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, Marco Aurelio Klein. Segundo ele, implantar uma filial temporária de um laboratório estrangeiro especialmente para os testes da Copa do Mundo é a opção trabalhada pelo governo, mas depende de aprovação da Wada e da Fifa.

Certificado revogado

Sem um laboratório de controle de dopagem certificado internacionalmente desde agosto, quando o Ladetec (Laboratório de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico), da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), teve seu certificado revogado pela Wada por apresentar erros em resultados de exames, as federações e confederações esportivas brasileiras enviam seus testes antidoping para laboratórios na Colômbia, Estados Unidos e Canadá.

O novo Ladetec, em construção no Rio de janeiro, corre o risco de não ficar pronto a tempo de ter seu processo de certificação concluído até a Olimpíada de 2016. Desta forma, caso a "filial" de um centro de controle estrangeiro for implantada com sucesso durante a Copa de 2014, pode ser uma alternativa para os jogos olímpicos do Rio de Janeiro.

De acordo com o Ministério do Esporte, em nota enviada ao UOL Esporte, nada impede o governo e o CNE de voltar a legislar sobre medidas adicionais ou complementares do Código Mundial Antidopagem, e que a mudança na legislação foi apenas uma atualização, sem nada a ver com a perda do credenciamento pelo Ladetec.  "Sobre a Copa do Mundo, o Ministério do Esporte, a FIFA e a WADA estão finalizando uma solução conjunta para atender todos os requisitos necessários ao controle de dopagem no Mundial em 2014", diz a nota enviada à reportagem.

* (Com colaboração de Ricardo Perrone, do UOL em São Paulo, e com informações da Agência Brasil)

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