Blatter nega semelhança com vilões de James Bond e se compara a Robin Hood

Do UOL, em São Paulo

Um filme sobre a história da Fifa deve ser lançado ano que vem, quando a entidade completa 110 anos. O presidente Joseph Blatter deu, nesta sexta-feira, 25, uma mostra de como imagina que seu papel deve ser interpretado. Ao discursar para estudantes da prestigiada Universidade de Oxford, negou ter qualquer semelhança com os vilões dos filmes de James Bond. E foi além: comparou-se a Robin Hood, pegando o dinheiro dos parceiros comerciais e o entregando para o desenvolvimento do futebol ao redor do mundo.

"Algumas pessoas vão dizer dos segredos sórdidos que se escondem no quartel-general do vilão do James Bond nas colinas de Zurique, onde nós aparentemente conspiramos para explorar os fracos e oprimidos", disse o suíço, que chegou a descrever a cena: "Vão tentar fazer vocês acreditarem que sento no meu escritório com um sorriso sinistro, acariciando gentilmente um caro gato persa enquanto meus terríveis sócios vasculham a terra forçando países a sediarem a Copa do Mundo para tirarmos todo o dinheiro deles."

Mas não é nada disso o que a Fifa faz, segundo Blatter. A entidade, nas palavras do suíço, está "redistribuindo recursos ao redor do mundo, ajudando comunidades carentes por meio do esporte, quebrando barreiras e juntando pessoas por meio do futebol." Para justificar as declarações, o chefe da Fifa citou coisas que "só o futebol é capaz", como fazer o Taiti jogar a Copa das Confederações, o Irã enfrentar os Estados Unidos em um Mundial e uma força-tarefa ser criada entre Israel e Palestina para facilitar o acesso de pessoas ligadas ao futebol.

"Não somos uma multinacional inescrupulosa fazendo todo o possível só para ganhar dinheiro, vendendo produtos que fazem mal às pessoas ou explorando as pessoas em nome do lucro de poucos." Depois de limpar a barra da Fifa, Blatter partiu em sua própria defesa: "Sou um servo do futebol. Não sou um ditador ou um explorador."

Se o papel de vilão não cabe a Blatter, qual personagem do cinema estaria mais perto dele? Robin Hood, ele diz. "A verdade é que temos muito em comum com Robin Hood, pegando o dinheiro que ganhamos com nossos parceiros comerciais e semeando de volta nas bases do jogo para todos se beneficiarem. E não apenas alguns."

Críticas de corrupção

O presidente da Fifa aproveitou o discurso para rebater todas as críticas que a entidade tem sofrido, inclusive denúncias de corrupção e compra de votos durante o processo de escolha das sedes das Copas de 2018, no Qatar, e 2022, na Rússia.  "Ao contrário do que vocês devem ter ouvido, a Fifa não supõe que as nações que querem sediar a Copa nos tragam malas de dinheiro. Não pedimos bilhões de dólares de dinheiro público para enterrar nos Alpes."

O dinheiro da Copa, diz Blatter, ajuda a pagar todos os outros campeonatos organizados pela Fifa – de futebol feminino a seleções de base. Mas o suíço fez um mea-culpa sobre os gastos que os governos têm que fazer. "É, eu sei que uma Copa é cara para um país sediar. Seria desonesto se falasse que não." O evento traz benefícios, afirma o dirigente da Fifa, relacionados ao turismo e à imagem do país. E, em última análise, "é um debate nacional que quem deve ter é o país sede".

O filme sobre a história da Fifa está sendo feito por uma produtora francesa. Blatter será interpretado por Tim Roth, o psicólogo comportamental Cal Lightman, da série Lie to Me. O francês Gerard Depardieu foi confirmado no elenco como Jules Rimet, um dos fundadores da entidade. Poucos detalhes do projeto foram divulgados até agora. Mas como o filme conta com apoio total da Fifa, é bem provável que a versão do Robin Hood prevaleça à do vilão de James Bond.

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