Maracanã S/A inclui favores sigilosos em contratos para convencer times

Renan Rodrigues e Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

Três meses após assumir o controle do estádio, a Maracanã S/A, enfim, celebra uma boa relação com os clubes do Rio de Janeiro. A concessionária, que ganhou o direito de administrar a maior arena do país pelos próximos 35 anos, já tem contrato com Fluminense e Botafogo para que eles mandem seus jogos no local. Também tem um acerto com o Flamengo e mira um acordo com o Vasco. A empresa, entretanto, não conquistou a simpatia dos times cariocas oferecendo só condições favoráveis para que eles utilizem o Maracanã. Incluiu nos contratos alguns "agrados" sigilosos para convencer os clubes a voltar ao estádio.

O Fluminense, por exemplo, primeiro a firmar um contrato com a Maracanã S/A, conseguiu da concessionária uma "ajuda" para a construção de seu CT (centro de treinamento). Embora o presidente tricolor, Peter Siemsen, tenha negado qualquer acordo com a empresa para viabilizar a obra, a Maracanã S/A vai sim apoiar financeiramente a empreitada, segundo o UOL Esporte apurou.

A Prefeitura do Rio de Janeiro cedeu em março um terreno municipal em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, para que o clube das Laranjeiras construa seu CT. A obra, no entanto, ainda nem começou por falta de recursos. Apesar de ter o auxílio do consórcio, o Tricolor não tem sua parte da verba para começar o projeto de construção por conta das disputas com a Fazenda.

O Fluminense passa por problemas financeiros. O clube tem tido a maior parte de suas receitas penhorada pela Justiça devido ao não pagamento de imposto de renda retido na fonte e INSS entre 2007 e 2010. Neste cenário, o acordo com a Maracanã S/A surgiu como uma alternativa para a obra do CT. A empresa, apesar de não comentar o assunto, está disposta a pagar ao menos parte das despesas com a obra. Esse valor, mais tarde, seria descontado da receita a que o Fluminense terá direito com seus jogos no Maracanã.

A diretoria do Flamengo também negociou um adiantamento de receitas com a concessionária antes de acertar uma extensão do contrato. Inicialmente, o Rubro-negro mandaria seus jogos no estádio da decisão da Copa do Mundo até o fim deste ano. Agora, a intenção é jogar no estádio até o final de 2016, desde que a Maracanã S/A adiante cerca de R$ 30 milhões para o clube. O valor chegaria para ajudar no fluxo de caixa, pagamento de salários e possibilidade de reforços ao final deste ano. A antecipação, porém, precisa ser aprovada pelo Conselho Fiscal da equipe.

Oficialmente, a Maracanã S/A não fala sobre o assunto. Segundo a assessoria de imprensa do grupo, os contratos que ela negocia com o Flamengo e já fechou com o Fluminense têm cláusulas de confidencialidade.

A empresa confirma, no entanto, que lhe interessa ajudar os clubes do Rio no que estiver ao seu alcance. Para ela, quanto melhor estruturados e bem financeiramente estiverem os times que jogam no Maracanã, melhor eles devem estar nos torneios que disputam. Isso, naturalmente, tende a aumentar o interesse de torcedores e o público das partidas. Ou seja, ela ganha.

Prova disso é que Botafogo e Fluminense tiveram auxílio do consórcio na produção de propagandas de seus programas de sócio-torcedor. A empresa bancou a equipe de gravação, além de exibir o comercial nos telões em dias de jogos das equipes. O estádio serve de cenário para as duas gravações, que foram cedidas aos clubes para veiculação em canais de TV aberta e no pay-per-view.  

Segundo o UOL Esporte apurou, o Botafogo não incluiu em seu contrato com a Maracanã S/A nenhuma cláusula parecida com as negociadas pela dupla Fla-Flu. O Alvinegro, entretanto, firmou um contrato particular com a concessionária. Por meio dele, o clube pode deixar de mandar seus jogos no estádio, sem multas, assim que o Engenhão for liberado para jogos. 

*Colaborou Pedro Ivo Almeida, do UOL, no Rio de Janeiro

GOVERNO DO RJ DESISTE DE DEMOLIR CÉLIO DE BARROS E DELAMARE;

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos