Depois de 'empate' na Confederações, estrangeiros voltam a dominar seleção
Fernando Duarte
Do UOL, na Basiléia (Suíça)
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Flávio Florido/UOL
Paulinho e Neymar 'trocaram de lado' e integram a relação de 'estrangeiros' da seleção
Anunciado como um exemplo de fortalecimento do futebol brasileiro, o equilíbrio entre jogadores baseados em clubes do Brasil e no exterior que marcou o grupo da Copa das Confederações foi pulverizado por um ressurgimento de jogadores brasileiros no mercado europeu. Se a lista divulgada por Luiz Felipe Scolari em maio tinha 12 "estrangeiros" contra 11 ''domésticos", a relação de convocados para o amistoso desta quarta-feira contra a Suíça é uma goleada para os expatriados: 16 a 4.
Desde maio, nada menos que quatro jogadores da nova família Scolari tomaram o rumo do exterior: Neymar foi para o Barcelona na mesma época em que o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, anunciou a contratação do volante Fernando. Em julho, Paulinho assinou com o Tottenham Hotspur, da Inglaterra, e no início do mês os ucranianos aumentaram sua coleção de jogadores brasileiros com a compra do atacante Bernard. O grupo "doméstico" em Basiléia é formado por Fred, Jô, Jefferson e Jean, sendo que o atacante do Fluminense é o único titular.
A movimentação comprova a opinião de analistas de gestão esportiva de que o aumento das receitas no futebol brasileiro, alimentado pela valorização dos direitos de transmissão para a TV, ainda não é suficiente para "blindar" os jogadores contra investidas de clubes de maior expressão esportiva ou financeira (como é o caso do Shakhtar). De acordo com avaliações de mercado, a seleção brasileira ficou "inflacionada" pelas recentes transferências, e agora ''vale'' 400 milhões de euros na mais recente medição do site ''Transfermarkt" – cuja avaliação individual de Bernard mostra valorização de 100% do ex-atleticano.
E esse reaquecimento do mercado pode fazer com que Scolari comande uma seleção brasileira na Copa do Mundo de 2014 com um perfil bem diferente de sua experiência em 2002, a última vez em que os jogadores baseados no Brasil foram maioria no grupo (13 a 10). Em 2006, com Carlos Alberto Parreira, os ''europeus" viraram para 20 a 3, o mesmo placar do Mundial da África do Sul em em que apenas Robinho, Kleberson e Gilberto eram "domésticos" e o então atacante do Santos o único titular.
Scolari, apesar da exaltação da qualidade doméstica feita em maio, sabe dcomo uma passagem por clubes europeus com uma liga nacional forte ou presença na Liga dos Campeões pode contribuir para o desenvolvimento de jogadores mais jovens. Ao seu lado, tem um Carlos Alberto Parreira que nunca escondeu seu entusiasmo com a presença de jogadores da seleção na elite europeia. "É preciso entender que a experiência para esses jogadores não passa apenas pelo que acontece dentro do campo. É um aprendizado em termos de vida, de educação, de postura profissional", disse Parreira, em entrevista ao UOL Esporte logo após a Copa das Confederações.
Para o amistoso em Basel, Scolari deixou fora quatro jogadores que tinham participado da Copa das Confederações: Rever (Atlético), Diego Cavalieri (Fluminense), Jadson (São Paulo) e Filipe Luis, do Atlético de Madri, o único estrangeiro.