Secretário critica preços e excesso de ganância em novos estádios
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
-
Renan Rodrigues/UOL
Setores com ingressos mais caros têm ficado vazios no Maracanã após sua reforma
O secretário Nacional de Futebol do Ministério do Esporte, Antônio Nascimento Filho, criticou nesta quarta-feira o alto preço dos ingressos para jogos em estádios reformados ou construídos para a Copa do Mundo de 2014. Para ele, os novos administradores dos espaços têm "ganância demais" e criam situações que ele chamou de desesperadoras.
"É desesperador você ver o Maracanã lotado nos setores atrás dos gols [com ingressos mais baratos] e completamente vazio nos lugares do centro do campo [mais caros]", disse Nascimento, citando o estádio do Rio como exemplo. Os novos administradores dos estádios têm ganância demais."
O Maracanã, citado pelo secretário do ministério, foi completamente reformado para a Copa do Mundo com dinheiro público. A obra já consumiu mais de R$ 1,2 bilhão.
O estádio foi reaberto pouco dias antes da Copa das Confederações. Depois do torneio, foi privatizado. Atualmente, um grupo de empresas formado por Odebrecht, AEG e IMX, do bilionário Eike Batista, é quem negocia com os clubes a realização de jogos no local.
Para Nascimento, esse novo modelo administração das arenas esportivas é recente. No entanto, já deu sinais que está promovendo uma elitização do público nos estádios.
O secretário disse que o governo está preocupado com isso. O Ministério do Esporte já está estudando o que pode fazer a respeito. Uma das alternativas em vista é a criação de cotas de ingressos populares nos estádios de futebol do país.
Clubes
O secretário também informou que o ministério deve encaminhar até o final do ano uma proposta para equacionar a dívida de clubes, de futebol ou não. Segundo ele, as agremiações devem cerca R$ 3 bilhões. Essa dívida é "impagável", disse Nascimento.
A intenção do ministério é que uma parte desses débitos sejam "pagos" por meio de projetos de iniciação esportiva promovido pelos clubes. "O Vasco, por exemplo, poderia pagar as prestações de sua dívidas com dinheiro e serviços ao mesmo tempo. Se ele paga R$ 500 por mês em dívidas, pagaria R$ 250 em moeda e R$ 250 investindo em projetos", explicou.
Nascimento disse que essa proposta já foi discutida pelo Ministério do Esporte e da Fazenda. O governo federal, agora, está unificando o texto do projeto para enviá-lo para análise do Congresso. Não se sabe ainda se a proposta será uma medida provisória, que entraria em vigor no momento de sua divulgação, ou um projeto de lei, que depende da aprovação de deputados e senadores para começar valer.
O governo já havia decidido encaminhar a questão por medida provisória. O projeto, porém, sofreu críticas de opositores. Por isso, o ministério recuou e aceita uma discussão mais longa do tema no Congresso. "Sei que o tema é polêmico, mas precisamos agir", disse o secretário.
Nascimento afirmou também que o mesmo projeto deve proibir que fundos de investimentos ou empresários tenham direito sobre jogadores de futebol. A posição do ministério é que essa restrição esteja valendo a partir de janeiro de 2016.
Bebidas
O secretário informou ainda que, até o final do ano, o governo vai regulamentar o Estatuto do Torcedor. O detalhamento da lei deve autorizar que cidades e Estados regulem conforme o interesse deles a venda de cerveja em estádios de futebol.
Atualmente, o texto não tem normas claras sobre o assunto. Cada órgão tem um interpretação e, por isso, a venda de bebidas às vezes é barrada por acordos entre federações ou até por ações do Ministério Público.
Para Nascimento, com a regulamentação do estatuto, a liberação das cervejas será mais simples. O secretário é favorável a venda de bebidas nos estádios.
Brasileirão feminino
O secretário também confirmou a realização do Campeonato Brasileiro de futebol feminino neste ano. Conforme já havia sido divulgado, a Caixa Econômica Federal vai patrocinar o torneio, que começa dia 21 e terá a participação de 20 equipes.
O torneio será organizado pela CBF. Nascimento não informou quanto a Caixa, banco estatal, vai gastar para promover a competição.
*Atualizada às 13h44