Jornal britânico acusa polícia do Rio de 'limpeza' e mortes para Copa

Do UOL, em São Paulo

  • Jadson Marques/Agência O Globo

    9.jul.2013 - Um homem morre após ser baleado durante operação do Bope em favela do Rio

    9.jul.2013 - Um homem morre após ser baleado durante operação do Bope em favela do Rio

Com o Brasil próximo de sediar uma Copa e uma Olimpíada, os holofotes estão voltados para o país nos próximos anos, e não só no campo esportivo. Segurança, economia e infraestrutura estão em pauta, e principalmente o primeiro item, sempre alvo de polêmicas. Em uma reportagem do tabloide inglês The Sun, o jornal acusa o Rio de Janeiro de praticar uma "limpeza" na cidade, com policiais recorrendo às armas e se vangloriando de mortes.

A matéria do The Sun fala do combate ao tráfico, mas questiona os métodos usados. A figura principal do artigo fala de um policial, não identificado, que ostenta suas armas e mostra com orgulho em seu celular a foto de um jovem morto. "Um soldado de um senhor das drogas", teria explicado o policial, dizendo que era um caso de atirar ou sofrer um tiro. Outras duas fotos foram mostradas.

"O slideshow  grotesco testemunha a carnificina sanguenta que a guerra contra as drogas provoca nas favelas, algo que você esperaria dos bandidos, e não da polícia", critica a reportagem, que chama o Bope de "Swat sob influência de esteroides". "Ainda assim, os oficiais de polícia tem como missão limpar as favelas antes da Copa e das Olimpíadas".

  • Reprodução

O sargento Daniel Pinheiro revela os problemas pelo lado da polícia e se defende. "É o bem contra o mal. O Comando Vermelho tem armas melhores que as nossas. Mas não são tão guerreiros. São covardes. Não vamos às favelas querendo matar ninguém. Nós apenas matamos bandidos quando somos atacados", alega ele.

Nos dados do The Sun, 1.590 pessoas foram mortas pela polícia no Rio de janeiro de 2010 a junho de 2012. Eles ainda citam as pelo menos oito mortes no Complexo da Maré, no último mês.

Patrícia de Oliveira, que integra um grupo anti-violência, critica os policiais. "Ter uma ficha criminal não justifica assassinatos. O Brasil não tem pena de morte, mas a polícia pode matar qualquer um. Um policial ter uma foto em seu celular de um suspeito morto é nojento."

O The Sun ainda cita as comunidades "pacificadas". "Já são mais de 30, com 70 ainda por serem até a Olimpíada". A reportagem se encerra alertando para o orçamento elevado da Copa do Mundo, "três vezes mais que a da Alemanha-2006" e cita os protestos, em particular em relação ao governador do Rio, Sérgio Cabral.
 

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