O Fluminense fez as contas durante meses e chegou a uma conclusão que talvez desiluda alguns torcedores. O acordo por 35 anos com o consórcio que administrará o Maracanã é mais vantajoso para o clube do que a construção de uma arena própria. Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira, no Salão Nobre das Laranjeiras, o presidente Peter Siemsen disse que teve conversas com algumas empresas para erguer um estádio tricolor, mas, nos estudos, foi constatado que o time demoraria anos para lucrar.

O mandatário também negou que o contrato para utilização do Maracanã seja responsável por oferecer aporte financeiro para a construção do Centro de Treinamento. O Fluminense recebeu a área da prefeitura há quase quatro meses, mas ainda não conseguiu iniciar as obras pela falta de verbas e parceiros.

"A negociação criou um equilíbrio no qual o Fluminense não precisou colocar dinheiro na reforma do Maracanã. Se fossemos construir um estádio para 25 mil pessoas, por exemplo, a margem de receita seria muito pequena, demoraríamos 15, 20 anos para conseguir esse lucro. É melhor ter 43 mil no Maracanã, quer construir um estádio de 30 mil", declarou o presidente do Fluminense.

O Fluminense, que tentou negociar um aditivo no contrato para ter parte do CT financiado pela construtora, não conseguiu este acordo. O consórcio Maracanã entraria com boa parte da verba necessária às obras, mas a questão permanece paralisada, e de responsabilidade do Tricolor.

Na visão do presidente do Fluminense, o contrato com o Maracanã oferece estabilidade de renda a longo prazo. Ele diz que a questão de um estádio próprio esbarrava em algumas dificuldades como o alto valor de terrenos no Rio de Janeiro e preço da construção civil. Afirmou também que o torcedor se sentirá em casa nos jogos no 'Maior do Mundo'.

"O sonho de ter ou não um estádio depende muito de como as coisas vão acontecer. Quando a gente vai ao Maracanã e sai com a vitória, arquibancada lotada, ninguém pensa nessa questão. Quando perde ou tem problemas como estádios em obra, vira algo necessário. Se tudo der certo, todos nós vamos nos sentir em casa. Estou muito otimista, ele [Maracanã] está com um calor humano que eu não costumo ver em arenas de grande porte", disse Siemsen.

A equipe carioca terá direito de renda de 43 mil lugares, cerca de 56% da capacidade do estádio. O Fluminense não pagará aluguel e terá apenas os custos que são obrigação dos clubes, como a taxa de arbitragem, ISS e 10% de arrecadação da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro). Estes gastos serão proporcionais aos ingressos vendidos pelo clube.

Com o contrato, o Fluminense também terá direito a uma loja no Maracanã. O estabelecimento começará a funcionar em 2015, portanto, depois da Copa do Mundo. O clube das Laranjeiras também terá direito a um vestiário exclusivo no estádio. O local poderá ser decorado com as cores do clube.