ONG quer cota para negros em ingressos da Copa e ameaça ir à Justiça

Vinicius Konchinski

Do UOL, no Rio de Janeiro

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Torcedora alemã dá uma de Larissa Riquelme e guarda celular entre os seios no Maracanã Imagem: Daniel Marenco/Folhapress

A associação Educafro (Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes) decidiu cobrar da Fifa a inclusão de negros em estádios da Copa do Mundo. A entidade vai solicitar formalmente à entidade máxima do futebol a criação de cotas de ingressos para afrodescendentes no Mundial de 2014.

Para a Educafro, 30% dos ingressos de cada jogo da Copa devem ser destinados a negros. Nos jogos do Brasil no torneio, devido à alta procura pelas entradas, a associação informou que aceita que essa cota seja de 20% dos ingressos.

O pedido da criação das cotas já foi elaborado pela Educafro e, desde esta sexta-feira, está sendo encaminhado a vários membros da Fifa no Brasil. O documento é assinado por um dos diretores da associação, frei David Santos.

Em entrevista ao UOL Esporte, frei David disse estar "perplexo" com a "falta de diversidade" nos estádios na Copa das Confederações. Segundo ele, apesar de o Brasil ter mais da metade de sua população preta ou parda, a presença de negros em estádio é quase nula.

"Os estádios de futebol eram uns dos poucos locais em que a pluralidade de raças podia ser vista no Brasil. Agora, nem isso", reclamou frei David. "Já não temos negros em grandes empresas, na política, na televisão. Agora, não temos negro nem no futebol."

David ressaltou que o Estatuto da Igualdade Racial, em vigor no Brasil desde 2010, já prevê a adoção de medidas que garantam aos negros acessos ao lazer, por exemplo. Por isso, seria de bom tom que a Fifa criasse formas de garantir a presença de negros nos estádios.

"O governo brasileiro já foi humilhado pela Fifa. Não peço mais nada a eles", complementou frei David. "Vou direito a Fifa e quero saber o que eles têm a dizer."

O diretor da Educafro afirmou ainda que o pedido de criação das cotas também serve de alerta. Caso a Fifa se recuse a discutir o assunto, o frei afirmou que a ONG está disposta a cobrar a inclusão de negros em estádios na Justiça.

Procurada para comentar e questão, a Fifa informou que deseja que a "mistura de raças" característica do Brasil esteja representada nos estádios. Por isso, aceitou a criação da categoria 4 de ingressos (mais barata que as demais) para que brasileiros, independentemente de sua condição social, possam frequentar os jogos da Copa.

A entidade ressaltou que não pretende priorizar a destinação de ingressos para uma determinada raça já que isso poderia prejudicar uma outra. 

O Ministério do Esporte também foi procurado. Disse que não recebeu solicitação alguma da Educafro. Confirmou, porém, que está preocupado com a questão.

Informou, inclusive, que já discutiu o tema com a Fifa, que doou 50 mil ingressos para beneficiários do Bolsa-Família e para população indígena. Além disso, todos os operários que trabalharam na construção de estádios receberam dois ingressos. 

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Veja o que funcionou e o que não funcionou na Copa das Confederações 30 fotos

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No Mineirão, no Mané Garrincha, na Fonte Nova e no Castelão, o sinal de telefonia 3G variou entre ruim e péssimo. Muitos dos presentes não conseguiram sequer trocar mensagens pelo celular. No Mineirão e em Brasília, foi muito difícil completar ligações. A Fifa atribui as falhas ao excesso de demanda, principalmente no intervalo dos jogos Imagem: AFP/Daniel Garcia

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