Fred admite peso pós Confederações e revela atenção inédita com imagem

Pedro Ivo Almeida e Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

05/07/201306h01

Fred está feliz da vida e é fácil notar a razão. Durante a gravação de um comercial na praia de Botafogo, na última quinta-feira, ele tenta um, dois, três voleios. Comemora como se fossem gols até quando erra a bola. O status de ícone tricolor mudou para ídolo nacional após a conquista da Copa das Confederações com a seleção brasileira. E, se o sucesso gera mais compromissos, expectativa e pressão, o camisa 9 diz que está mais preparado mentalmente do que no passado para manter a boa forma até a Copa do Mundo de 2014.

"Acho que a gente tem que encontrar equilíbrio em tudo. Lado profissional, emocional, pessoal. Graças a Deus tudo tem caminhado muito bem para mim. E hoje eu me sinto muito mais preparado para passar por qualquer situação, dificuldade. Dentro e fora de campo. No decorrer da minha vida eu cresci muito nesse sentido, aprendi. Não tem como negar que esse lado pessoal é muito importante para o meu desempenho em campo", disse o atacante ao UOL Esporte.

Entre as novas responsabilidades de Fred está a de ser 'garoto propaganda' de uma campanha mundial de cosméticos da Adidas, empresa que voltou a patrociná-lo após cinco anos sem acordo entre as partes. O último atleta da empresa alemã a protagonizar um comercial em diversos países foi o francês Zinedine Zidane. Por isso, o atacante admite que aumentou ainda mais a preocupação com a imagem pública em relação ao passado e tenta ficar longe de polêmicas.

"Eu nunca me preocupei em não poder fazer isso ou aquilo. Eu procuro fazer as coisas que me deixam feliz, me fazem bem. Só que, como eu gosto de coisas boas, acaba me ajudando muito. De um tempo para cá, eu tenho me preocupado cada vez mais com minha imagem. Eu carrego uma responsabilidade de ser o atacante da seleção brasileira, então você tem que dar bons exemplos, fazer as coisas corretas e procurar sempre estar no caminho certo. Vou ter que cuidar ainda bem mais do que eu já me preocupo com minha imagem", contou Fred.

Fred

A virada na vida pessoal, com o começo do romance com a empresária Ana Gabriela, e na seleção brasileira, com a chegada de Luiz Felipe Scolari ao comando, não são os únicos motivos para o momento ímpar na vida de Fred. O capitão do Fluminense admite que aprendeu uma lição ao ter ficado fora da Copa do Mundo de 2010. Diz que focou tarde no projeto e explica a mudança de mentalidade para garantir presença no torneio em 2014, no Brasil.

"Mudou [a situação na seleção] que o Mano não era 'meu mano'(risos). Brincadeira, eu respeito ele, gosto muito como treinador, mas pelo fato dele não jogar com um centroavante, não só para mim, mas para todos os centroavantes era complicado. Mas eu nunca desanimei e sempre procurei fazer meu trabalho da melhor forma. Aprendi muito na Copa de 2010. Eu tive oportunidades e pensei 'vou focar agora'. Só que já era tarde demais, faltava menos de um ano. Por isso, desde o início de 2011 eu foquei e pensei que queria ser esse centroavante da seleção brasileira. Passei por algumas dificuldades, sem muitas chances com o Mano, mas sempre fazendo um bom trabalho no Fluminense e nunca me preocupando com o que viria na frente, sempre me preparando para o que poderia acontecer. Aí chegou a oportunidade com o Felipão e ainda bem que deu tudo certo".

O bom desempenho na Copa das Confederações, com cinco gols e artilharia - ao lado do espanhol Fernando Torres -, despertou a cobiça de algumas equipes da Europa. Nenhuma proposta, porém, parece seduzir ao Fluminense ou ao atacante. O motivo, segundo ele, está no ambiente de amizade das Laranjeiras e no elenco competitivo que a equipe carioca conseguiu formar nos últimos anos, em parceria com a patrocinadora Unimed.

"Hoje eu sou completamente... Eu me sinto em casa aqui no clube. Fui recebido muito bem, cresci muito dentro do clube, criei um vínculo grande não só com a torcida, mas com o pessoal do estafe, jogadores, amizade como uma família mesmo. Meu ambiente de trabalho é muito bom, e isso te prende muito. Mas não podemos só pensar nisso, ficar só pelo ambiente ou por se sentir em casa. Tem que pensar também no lado profissional. E o Fluminense é um grande clube, tem uma torcida maravilhosa que tem um carinho muito grande por mim e isso me dá a possibilidade, a chance de aparecer para o mundo inteiro. Aqui me sinto valorizado".

O exemplo do reconhecimento veio poucos dias após o título. Se antes era parado principalmente por torcedores do Fluminense e do Cruzeiro, agora Fred não se cansa de dar autógrafo para rivais. E comemora.

"Está sendo maravilhoso pra mim, poder sentir esse carinho do povo brasileiro. Um dia após a conquista eu fui almoçar com minha família em um restaurante e quando entrei, todos se levantaram e aplaudiram. Na verdade, nós jogadores somos muito gratos ao povo brasileiro, pois eles nos incentivaram muito durante as partidas. Aqui no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte, senti que esse carinho aumentou muito, e vou procurar fazer mais e mais pelo futebol brasileiro".

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