Depois de abortar 'esquema catalão' de Mano, Scolari se inspira no Bayern
Fernando Duarte e Paulo Passos
Do UOL Esporte, no Rio de Janeiro
-
EFE/EPA/KERIM OKTEN
Jogadores do Bayern levantam a Liga dos Campeões: futebol mais querido por Scolari
A semifinal da Liga dos Campeões da Uefa em que o Bayern de Munique superou o Barcelona por um placar agregado de 7 a 0 ocorreu há pouco mais de um mês e desde então despertou um debate sobre o futuro tático do futebol. Na seleção brasileira, porém, essa transição de hegemonia já começou a se desenhar em 29 de novembro do ano passado: no dia em que assumiu pela segunda vez o comando da equipe, Luiz Felipe Scolari anunciou o fim do "experimento catalão" de seu antecessor, Mano Menezes.
Sob Mano, o Brasil estava flertando com uma formação tática inspirada no 4-6-0 de Pep Guardiola no Camp Nou, marcado pela ausência de um centroavante "nato". Felipão já chegou avisando que não abriria mão de jogar com um homem de referência na área, mais fixo. Bem próximo do sistema que vigora no Bayern de Munique, que meses antes da chegada de Felipão tinha feito sua segunda final europeia em três temporadas.
Em janeiro, numa entrevista ao jornal alemão "Bild", Felipão rasgara elogios ao meia-atacante Thomas Muller, do Bayern e da seleção alemã, e garantiu assistir a todos os jogos da equipe bávara.
Mas a influência germânica se fez presente de forma mais evidente em tempos mais recentes: no início de junho, mais precisamente na véspera do amistoso contra a Inglaterra, no Rio, Felipão falou na necessidade de aumentar um pouco a estatura média de seu time titular e na importância de um marcação mais tenaz na saída de bola adversária: o sustentáculo do "gegenpresse", sistema de jogo utilizado por Bayern e Borussia Dortmund, os dois finalistas europeus – e que teve na vitória sobre o Barcelona seu melhor cartão de visitas.
E um dos jogadores mais altos promovidos por Felipão ao time titular foi Luiz Gustavo, que joga no time de Munique. Na Liga dos Campeões, o Barcelona foi abafado por um Bayern cuja média de altura de seus jogadores chega perto de 1,85, pelo menos 9cm a mais que Xavi e Iniesta. Se não parece de imediato algum tipo de embate entre anões e gigantes, essa diferença foi suficiente para atrapalhar o Barcelona defensivamente e limitar opções de ataque, além de desnivelar o combate no meio de campo.
Um desses jogadores subjugados foi Daniel Alves, de 1,73 m. Na seleção brasileira, ele é um dos baixinhos convocados por Scolari – Neymar e Marcelo, por exemplo, também medem menos de 1,80 m. O time titular da Copa das Confederações tem média de altura de 1,80 m, 2 cm a mais que a Espanha.
Scolari, por sinal, rasgou elogios ao Bayern na semana passada, quando foi falar sobre o momento de Luiz Gustavo na seleção e uma possível apreensão pela titularidade. "O Luiz Gustavo joga no Bayern, está acostumado com muito mais fumaça do que essa de hoje", afirmou o treinador.
Para amigos, Felipão já tinha falado sobre sua preferência por alemães em vez de catalães antes do massacre nas semifinais da Liga dos Campeões. Mesmo depois da seleção alemã ter abreviado sua despedida do comando da seleção portuguesa, ao superar Cristiano Ronaldo & cia na Eurocopa de 2008.
Se como instituição o Barcelona mereceu consideração especial de Scolari, que liberou Neymar para a apresentação no Camp Nou no meio da preparação para a Copa das Confederações, a história é bem diferente no que diz respeito ao campo. Ao conversar sobre a seleção espanhola em sua última entrevista coletiva antes da final no Maracanã, por exemplo, Felipão, mostrou um certo desdém pelo tiki-taka. "A seleção da Espanha joga um futebol bonito e vitorioso, mas o que falam é que daqui a dois anos vai acabar, que a próxima geração já não terá o mesmo estilo".
Outra declaração interessante veio na mesma ocasião em que Felipão foi anunciado como treinador e explicou seu desejo de jogar com um homem de área. Ao ser perguntado sobre o "esquema catalão" de Mano, ele foi irônico sobre sua utilização na seleção. "Temos que respeitar as características dos nossos atletas. Se importarmos o Iniesta e o Messi poderemos jogar como eles", disse.
Veja também
- Brasil e Espanha fazem no cenário perfeito o jogo mais aguardado de uma geração
- Lucas sente falta de lanche da mãe na concentração; veja histórias de 5 jogadores da seleção
-
- Fotos: Veja quem são as musas da Copa das Confederações
- Bonner e Galvão protagonizam os melhores momentos da TV na Confederações; relembre