Campeão em 82 vê Brasil tenso e lembra que Ronaldo metia medo em Baresi
Bruno Freitas e José Ricardo Leite
Do UOL, em Fortaleza
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Stefano Rellandini/REUTERS
Bergomi (esq.) e Ronaldo atuaram juntos pela Inter de Milão no final dos anos 90
Com quatro Copas do Mundo em sua bagagem, o ex-zagueiro da seleção italiana Giuseppe Bergomi virou um dos ícones da TV local ao atuar como comentarista da Sky Sports. Está atualmente seguindo a seleção da Itália no Brasil durante a disputa da Copa das Confederações.
Bergomi foi campeão mundial em 1982 com a seleção italiana, quando tinha apenas 18 anos. Também tem a carreira marcada pela raridade de ter defendido apenas um clube durante os 20 anos como profissional: a Inter de Milão.
O ex-defensor analisou a Copa das Confederações e entende que sua seleção demonstrou a força da camisa durante o torneio, já que chegou como franco atiradora. Mas vê o Brasil jogar com uma tensão muito grande pelas cobranças de ser o organizador e ter a bagagem de títulos que possuiu.
"Pelo que está sucedendo do lado de fora, é um evento muito importante. Existe um grande entusiasmo no Brasil, na Itália menos, para essa competição. Este era o objetivo mínimo (da Itália), chegar à semifinal. Apesar da lesão de Balotelli, a Itália sempre será um adversário difícil, e tem menos responsabilidade que a Espanha", falou.
"Scolari está trabalhando por uma mentalidade diversa, com Gustavo e Paulinho no meio-campo. Neste momento é uma equipe muito preocupada em jogar em casa, parece com peso nas costas, não joga solto e fluindo essa equipe. Me parece muito preocupado, mas o talento é enorme, seguramente", continuou.
Bergomi jogou na Inter de Milão por dois anos com o atacante brasileiro Ronaldo, que chegou ao clube italiano cercado de expectativas depois da excelente temporada realizada em 1996/97 pelo Barcelona. O hoje comentarista local diz que o brasileiro foi o melhor jogador que viu atuar na parte técnica. E lembra que italianos de renome na defesa tinham medo de enfrentá-lo.
"Dos estrangeiros que joguei junto, Lothar Matthäus foi o mais forte mentalmente, mas a qualidade técnica de Ronaldo era impressionante. A qualidade técnica, com essa intensidade, não vi ninguém", comentou.
"Lothar Matthäus era muito forte de cabeça, mas qualidade técnica, definitivamente o Ronaldo (foi o melhor). Sou suspeito, joguei com ele e é meu amigo. Os defensores italianos, Baresi, Costacurta, tinham medo. Entendíamos que jogávamos contra um jogador extraordinário. É difícil a comparação com Messi e Cristiano Ronaldo", continuou.
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Giuseppe Bergomi comenta a Copa das Confederações para a Sky, emissora de seu país
O italiano ainda citou outros grandes jogadores que jogou contra, e não a favor. "Van Basten e Gullit, dois jogadores difíceis de marcar, porque eram jogadores completos, tinham força física. Mas eu joguei contra Careca, contra Maradona, contra os melhores jogadores italianos, na época em que o futebol italiano era muito forte."
O hoje comentarista só não é um recordista em participação em Copas do Mundo porque ficou de fora da 1994 no período entre 82 e 98. Não foi chamado pelo ex-técnico do Milan Arrigo Sachi, que optou por levar defensores contestados na época, como Bennarrivo e Apoloni. Mas Bergomi diz não ter mágoa nenhuma por isso ter evitado seu recorde."Sacchi preferiu levar jogadores que conheciam o seu sistema de jogo, do Milan", se limitou a dizer.
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