"Salvação" em Belo Horizonte reanima retorno de Julio Cesar
Fernando Duarte
Do UOL, em Belo Horizonte
Pela primeira vez desde o início da Copa das Confederações, o sorriso do goleiro Julio Cesar não foi apenas diplomático diante de câmeras e microfones nesta quarta-feira. Depois de duas partidas (México e Itália) em que deu a impressão de estar inseguro debaixo das traves, o jogador do Queen Park Rangers, da Inglaterra, não escondeu o alívio ao manter uma rotina de "punições" os uruguaios em cobranças de pênalti. Antes de defender o chute de Forlan no Mineirão, o goleiro tinha parado os uruguaios também nas semifinais da Copa América de 2004, daquela vez num disputa de pênaltis
Há nove anos, porém, Julio Cesar ainda buscava espaço na seleção. Em 2013, o momento é de reconquista de confianças. Inclusive a dele. Ainda marcado pela falha que contribuiu para a eliminação do Brasil no Mundial da África do Sul, o goleiro tem gozado da confiança de Luiz Felipe Scolari, em cuja gestão ele recebeu sua terceira chance – a segunda foi dada por Mano em 2011 e terminou em fevereiro do ano passado, com uma falha no amistoso contra a Bósnia – numa decisão que não contou com o que se pode chamar de aprovação unânime de torcedores e mídia.
"Na hora, do pênalti, tentei não pensar em nada a não ser pegar aquela bola. Era um momento importante do jogo e estou muito feliz por ter ajudado o time a chegar à final" contou o goleiro na quarta-feira.
Apesar de não ser um colecionador de sequências "sem vazamentos" (tem uma média de 0,93 gol concedido por partida em torneios disputados por clubes europeus e pela seleção), o ex-jogador do Flamengo foi responsável pelo fato de a seleção na Era Felipão ter escapado de placares piores. Um exemplo foi o amistoso contra a Itália, em março, quando saiu de campo com sete defesas num jogo que terminou empatado em 2 a 2.
Um ensaio de volta por cima para o jogador que admitiu ter cogitado a aposentadoria em 2010. "Fico muito feliz por todo o apoio que o Felipão tem me dado e pela chance de ter ajudado o time. Tenho o sonho de jogar a Copa do Mundo no Brasil e a festa que a torcida faz para nós só aumenta a vontade", conta o goleiro.
Único dos três goleiros da seleção com experiência relevante internacional (Diego Cavalieri passou muito mais tempo no banco do Liverpool que jogando), Julio Cesar foi o nome buscado por Felipão para ajudar a dar mais "rodagem" para um grupo jovem e que só agora na Copa das Confederações é que começa a ser testado com mais veemência.
Se na gestão de Mano Menezes sua presença no grupo, junto com os também veteranos Maicon e Lúcio, causou atritos no elenco, o goleiro de 33 anos agora tem um relacionamento mais harmonioso com os mais jovens. "Eu estou devendo uma para ele. Dei bobeira na marcação de um escanteio e acabei cometendo o pênalti. Fiquei apenas pedindo na minha cabeça para o Julio ir lá defender", brincou o zagueiro David Luiz, que cometeu a falta no jogo com o Uruguai.
A reafirmação na seleção contrasta com a indefinição no futuro profissional. Depois de o QPR ser rebaixado para a Segunda Divisão inglesa, Julio Cesar ainda não acertou onde vai jogar na próxima temporada. O UOL Esporte apurou que o Arsenal, clube também de Londres, uma cidade admirada pela mulher e os filhos do goleiro, é um dos possíveis destinos para o titular da seleção.