Moradores dos arredores do Castelão relatam abuso: "Invadiram nossa casa e jogaram bombas de gás"
Vinicius Mesquita
Do UOL, em Fortaleza
Os protestos nas proximidades do Castelão, em Fortaleza, transformaram a Av. Dedé Brasil, uma das principais vias de acesso ao estádio, em campo de batalha. Torcedores com ingressos na mão sofreram para furar o cordão de isolamento entre a Polícia Militar do Ceará e manifestantes. No epicentro das manifestações, moradores da região disseram que suas residências foram invadidas por policiais.
Em um condomínio popular, situado a cerca de 300 metros do estádio, moradores relatam que policiais invadiram suas casas para prender manifestantes. Segundo Fernando Lennon Faria da Silva, um dos condôminos mais assustados, a polícia agiu com truculência ao atirar bombas de gás lacrimogêneo e empurrar moradores.
"Estávamos aqui dentro de casa e a polícia invadiu para prender alguns manifestantes que entraram aqui. Eles jogaram bombas e deixaram as crianças assustadas. Meu filho sentiu falta de ar e desmaiou no banheiro com o cheio forte do gás. Nunca houve invasão policial aqui! Eles não têm o direito de invadir nossa residência dessa maneira", disse Lennon.
Um sargento da PM, no comando do cordão de isolamento mais próximo ao estádio, disse que não tinha autorização para comentar sobre a ação policial.
A Av. Dedé Brasil deixou marcas de uma guerra que só terminou após o final de jogo entre Espanha e Itália, pelas semifinais da Copa das Confederações. Entre o cordão de isolamento montado por soldados da PM e guardas da Força Nacional era possível observar pedras de vários tamanhos, sacos de lixo queimado e muitos cartazes deixados para trás por manifestantes que correram das ações policiais.
"Um absurdo. Atravessei uma área de terror. Vi muitas pessoas machucadas. Estávamos com o ingresso na mão e só conseguimos chegar até aqui porque alguns manifestantes do bem mostraram um caminho melhor. Achei que fosse morrer", disse uma mulher ao lado de seus filhos enquanto corria em direção ao estádio.
No hospital de campanha instalado bem próximo ao estádio, cinco policiais e um manifestante chegaram com contusões leves. "Não podemos precisar como eles se machucaram, mas foram atingidos por algum objeto", disse Neiva Timbó, coordenadora do hospital.
MORADOR MOSTRA RESQUÍCIOS DE BOMBA ATIRADA EM CONDOMÍNIO
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