Ex-secretário de Teixeira coleciona inimigos e vira papagaio de pirata de Dilma
Gustavo Franceschini, Paulo Passos e Ricardo Perrone
Do UOL, em Belo Horizonte
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AFP PHOTO / EVARISTO SA
Alexandre (gravata vermelha) atrás de Blatter e próximo a Dilma e Marin: Teixeira ainda não o esqueceu
No início dos anos 90, Alexandre da Silveira foi contratado para trabalhar na área de telefonistas da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). De lá para cá, ganhou a confiança de Ricardo Teixeira, viu e ouviu de tudo, sobreviveu à saída do chefe e, mais de 20 anos depois, viveu seu momento de maior visibilidade. Na tribuna de honra do Estádio Nacional de Brasília, na abertura da Copa das Confederações, o atual secretário de José Maria Marin apareceu em fotografias perto da presidente Dilma Rousseff.
A aparição revoltou dirigentes de federações, que preferem não se identificar, numa demonstração de como o secretário é querido pela cúpula da CBF. Afirmam que ele não merecia estar no espaço nobre. Sabem que ainda não podem desafiar Alexandre, mas aproveitaram o momento para protestar veladamente contra a forma como são tratados pelo secretário.
De forma jocosa, alguns cartolas chamam Alexandre de "28º". Dizem que ele age como se fosse o 28º presidente de federação, já que existem 27 entidades estaduais.
Quando Teixeira renunciou, cartolas acreditaram que se livrariam do secretário. Até então, precisavam ligar para o celular de Alexandre, que filtrava as ligações para o então presidente. Poucos conseguiam que o telefone fosse passado para Teixeira.
Só que Marin manteve a rotina. Alexandre, também chamado de "carrega pasta", atende aos telefonemas para Marin e está sempre com o atual presidente, assim como ocorria com Teixeira.
Filtrar ligações, aliás, é uma especialidade dele. Logo que chegou à CBF, ganhou a missão de atender aos telefonemas para jogadores da seleção brasileira na concentração. Decidia quais ligações eram relevantes para serem transferidas.
"Ele conhece tudo o que acontece na CBF. Chegou como faz tudo e foi ganhando espaço merecidamente. No início, ele engraxava até sapado", disse Emídio Perondi, ex-presidente da Federação Gaúcha e assessor da presidência do Internacional.
A origem humilde não passa despercebida dos inimigos. Questionados sobre Alexandre, mesmo os cartolas que tentam disfarçar o incômodo sutilmente retratam o secretário como autodidata, por não ter tido formação acadêmica ou berço de ouro como alguns dos presidentes de federação.
O preconceito nunca mudou a visão de Teixeira. Nos últimos anos, Alexandre cuidava até da medicação do cartola, que ainda mantém contato telefônico com seu ex-secretário.
Querido pelo ex-cartola, Alexandre coleciona desafetos. Dirigentes e funcionários da CBF se queixam do tratamento rude que recebem do funcionário e da maneira como ele esconde informações como a agenda do presidente.
Em algumas das aparições públicas de Marin, ele faz as vezes até de assessor de imprensa. Em Santa Cruz de la Sierra, por exemplo, a manhã que antecedeu o amistoso entre Brasil e Bolívia foi marcada por um encontro de cartolas no hotel do presidente da CBF.
Questionado pela imprensa presente sobre os vídeos anônimos que circulavam pela internet e que o comprometiam, o dirigente tentou se esquivar na marra. Alexandre, indignado, reclamava com os repórteres e mandava os seguranças carregarem Marin para uma sala reservada. Em outra oportunidade, irritado com a pressão dos jornalistas, chegou a mandar um motorista passar com o carro por cima de uma equipe de TV da ESPN. Não há registro que tenha sido repreendido.
O UOL Esporte solicitou à assessoria de imprensa da CBF uma entrevista com Alexandre, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem. Nesta terça-feira, a reportagem tentou novamente contato telefônico com o secretário da CBF, mas não foi atendida.
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