MP abre investigação sobre "excesso" de PM em protesto no Maracanã

Vinicius Mesquita e Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • AFP PHOTO/Tasso Marcelo

    Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes no Maracanã no domingo

    Polícia Militar entrou em confronto com manifestantes no Maracanã no domingo

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) abriu nesta sexta-feira um inquérito para apurar "emprego excessivo de força" pela PM (Polícia Militar) na repressão a um protesto no Maracanã. A Promotoria de Tutela Coletiva e Defesa da Cidadania quer que o comando da polícia explique em três dias as estratégias usadas na dispersão de uma manifestação realizada no domingo nos arreadores do estádio.

Naquele dia, cerca de mil pessoas se reuniram no entorno do Maracanã para reclamar do aumento do preço da passagem de ônibus e do custo de vida do Rio de Janeiro. No dia, o Maracanã estava recebendo seu primeiro jogo da Copa das Confederações. O efetivo policial na área estava reforçado e acabou entrando em confronto com os manifestantes.

Cerca de mil pessoas participaram do ato, de forma pacífica. Eles tentaram marchar em direção ao Maracanã minutos antes do jogo entre México e Itália. Foram impedidos pela polícia, que usou bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e tiros de bala de borracha para dispersar a multidão.

Algumas pessoas ficaram feridas. Parte não tinha nada a ver com o protesto e estavam só passando a tarde de domingo em um parque ao lado do Maracanã, a Quinta da Boa Vista. Isso ocorreu porque, após a ação da PM, muitas manifestantes fugiram para o parque. A polícia os perseguiu, assustando que nem sabia o que estava se passando.

Naquele domingo, a PM informou que a ação contra os manifestantes foi correta. Segundo a corporação, se a PM não tivesse agido, o jogo poderia ter sido cancelado.

Na quinta-feira, quatro dias depois, o Maracanã recebeu seu segundo jogo da Copa das Confederações. O policiamento foi reforçado e até blindados, os chamados caveirões, foram levados ao estádio.

Durante o jogo, cerca de 300 mil pessoas se manifestaram no centro do Rio de Janeiro. Cerca de 500 decidiram caminhar até o Maracanã, mas foram bloqueados ainda longe da arena.

Nesta sexta-feira, o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, defendeu o trabalho da polícia, mas disse que possíveis abusos serão apurados e punidos. Ele ainda assegurou que o Estado do Rio de Janeiro tem como prover a segurança necessária para que sejam sediados os grandes eventos esportivos programados para a capital fluminense.

*Atualizada às 17h36

PM ALEGA QUE 'SALVOU' JOGO NO MARACANÃ E NEGA EXCESSO EM PROTESTO

  • Vinicius Konchinski/UOL

    A Polícia Militar do Rio de Janeiro se pronunciou logo após o fim do protesto no entorno do Maracanã. Em entrevista coletiva, o porta-voz da corporação Frederico Caldas alegou depredações, disse que a ação evitou o cancelamento da partida entre Itália e México e negou excessos contra os manifestantes.

    "Questão de excesso e limite é difícil de analisar friamente. Estavam em jogo questões sérias como a vida da cidade como um todo. Quero dividir com vocês esse dilema. Vamos nos preparar cada vez mais para evitar provocações. Foi recomendado máximo de cuidado. É chato comparar com SP [ação da polícia nos protestos de quinta-feira], mas está bem evidente o cuidado que tomamos no Rio. Houve depredação, bloqueio de vias. Se não tivesse isso, não haveria bombas e gás lacrimogêneo. Estamos calibrando nossa atuação. Não faltou preparo, equipamento, planejamento ou integração", disse.

    "As pessoas querem chegar em casa. Sou cidadão e eles não me representam. 6 milhões podem ficar reféns de 2 mil? Não estamos lá para coibir ou proibir a manifestação. Temos clareza do que ocorre e há uma perplexidade no país inteiro. Não é tão simples assim. Quem vai responder se alguém morrer na ambulância impossibilitada de andar por causa de rua obstruída? Se o Choque não tivesse agido, o evento poderia não ter ocorrido", completou.

Veja também



Shopping UOL

UOL Cursos Online

Todos os cursos