Torcedores também sofrem com spray de pimenta e desistem de ir ao jogo

Gustavo Franceschini, Luiz Paulo Montes e Paulo Passos

Do UOL, em Fortaleza*

Com a proximidade do início do jogo entre Brasil e México, pela Copa das Confederações, é cada vez maior a quantidade de torcedores nos arredores do estádio do Castelão e estes também sofrem com a ação da polícia na tentativa de conter os protestos. O UOL Esporte ouviu relatos de pelo menos 20 torcedores, entre brasileiros e mexicanos, que desistiram de ir à partida na capital cearense. 

A confusão diminuiu de tamanho por volta das 15h30, quando grande parte dos manifestantes deixou o local e apenas um grupo de moradores do entorno do estádio ainda fazia barricadas e atirava pedras em direção à polícia. 

A reportagem flagrou muitas famílias e torcedores com a camisa do México sofrendo com as reações ao spray de pimenta usado pelos policias para tentar dispersar a multidão. As pessoas tinham dificuldades para respirar e enxergar e tentavam se proteger em casas vizinhas.  

Inicialmente, a Policia Militar suspendeu o uso de bombas de efeito moral, spray de pimenta e balas de borracha justamente pela quantidade cada vez maior de pessoas que tentavam chegar ao estádio. 

Por cerca de 1h30, os torcedores conseguiram passar pela manifestação, porém quando entendeu que só haviam manifestantes em uma das avenidas de acesso ao estádio, a PM voltou atacar os ativistas e usou até a cavalaria para tentar dispersar o movimento. 

Porém, muitos torcedores ainda tentavam chegar ao Castelão e acabaram sofrendo com os efeitos das armas da polícia. Além disso, os brasileiros, principalmente, eram criticados pelos manifestantes. 

O UOL Esporte também flagrou um policial usando de forma desnecessária o spray de pimenta. Enquanto um grande grupo decidiu sentar em frente à barreira formada pela PM, um oficial jogou o gás por cima de um muro, onde estavam pessoas que tentaram se proteger.

O protesto contra a realização da competição teve início por volta das 12h com cerca de 15 mil pessoas e já deixou ao menos três policiais feridos durante a briga e que tiveram de ser atendidos pelo Samu. Um quebrou o braço. Um carro Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) também foi incendiado pelos manifestantes. 

Os que entraram no conflito com a polícia aproveitaram obras próximas ao local que possuem pedras, tijolos e pedaços de madeira para atacar os policiais com os objetos. Eles também colocaram fogo em placas de publicidade encontradas no caminho. 

O protesto levou a polícia a aumentar o isolamento em torno do estádio. A Fifa, segundo está previsto na Lei Geral da Copa, tem direito a uma área de isolamento de até 2 quilômetros. A polícia, porém, fechou as entradas para os veículos numa distância ainda superior, passando de 3 quilômetros do Castelão em alguns locais, por conta das manifestações.

"Caminhamos muito. Chegamos numa barreira e os policiais avisaram que não podiam mais passar. Não imaginava que seria assim. Em Recife conseguimos descer do táxi mais perto do estádio", afirmou Anel Torres, mexicana que veio com oito pessoas da família para o Brasil acompanhar a Copa das Confederações.

Para se proteger, comprou um guarda-sol no caminho de mais de três quilômetros da barreira à entrada do Castelão.

*Atualizado às 15h32

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