Espanha exporta mais do que nunca, mas não desapega de base Real-Barça
Bruno Freitas
Do UOL, no Rio de Janeiro
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AP Photo/Victor R. Caivano
Atleta do Chelsea, Juan Mata é um dos destaques espanhois atuais jogando fora do país
Houve um tempo, não tão distante, em que a Espanha só podia olhar para dentro na tarefa de montar uma seleção nacional. Hoje no topo do futebol internacional, o país virou um exportador de talentos, pois nunca tantos espanhóis foram vistos jogando no exterior. Mesmo assim, a Fúria desfruta de seu grande momento na história ainda apegada demais a uma base composta por integrantes de Real Madrid e Barcelona.
No jogo de estreia na Copa das Confederações, todos os 11 titulares eram jogadores que atuam dentro do país: sete do Barcelona, três do Real Madrid e um do Valencia.
O apego ao futebol interno contrasta com o olhar mais amplo a respeito do elenco. A Espanha que disputa a Copa das Confederações é a mais internacional de todos os tempos, com 9 dos 23 jogadores atuando fora do país. No Mundial 2010, por exemplo, eram três. Na Euro vencida no último ano foram quatro.
Qualitativamente, não se pode dizer que esses jogadores de fora não estejam no primeiro plano de seus times. David Silva é fundamental para o Manchester City, o Arsenal depende hoje de Santi Carzola, enquanto que Juan Mata brilha no Chelsea. Javi Martínez, por sua vez, acabou de ser campeão europeu como titular do badalado Bayern de Munique. A lista não para e deve crescer significativamente para a próxima temporada.
Questionado no Brasil a respeito de um suposto preconceito contra os jogadores de fora do país dentro da seleção, Mata afirmou que não acredita nesta tese, mas argumentou a favor dos "estrangeiros".
"Trata-se de competência, muita competência. Temos uma equipe composta por jogadores de Madrid e Barcelona, muitos deles. Mas nossos jogadores da Inglaterra e de outros países também têm competência no geral. Sair do país é uma experiência válida, mesmo para conhecer outra língua e crescer, tratando de conhecer outro tipo de futebol. Creio que a experiência enriquece o jogador. Aí é consequência estar na seleção também", comentou Mata na última terça-feira.
Em meados dos anos 90, um espanhol em times de fora do país era quase um tabu. Tanto que causou estranheza quando os veteranos Butragueño e Michel decidiram jogar no futebol mexicano. Hoje, no entanto, a Espanha já é o sexto país que mais exporta atletas de futebol.
ECONOMIA EM BAIXA, CATEGORIAS DE BASE EM ALTA
Dois fatores ajudam no crescimento da Espanha como país exportador de jogadores de futebol. Em primeiro lugar, a recessão financeira que afeta o país, que parece ter imunes apenas os gigantes Barcelona e Real Madrid.
De quebra, nunca se formou tantos bons jovens jogadores na Espanha como na atualidade. Na última terça o país comemorou o bicampeonato europeu sub-21, ganhando da Itália na decisão. Desta geração, nomes como De Gea, Isco e Thiago Alcântara parecem ter futuro certo da seleção de cima.
Nos últimos cinco anos, além da conquista da Copa-2010 e de duas Euros (2008 e 2012), a Espanha ganhou quatro torneios continentais na base: dois no sub-21 e mais dois no sub-19.
CHANCE PARA OS INTERNACIONAIS NO MARACANÃ
Preteridos na estreia da Copa das Confederações contra o Uruguai, os espanhóis que atuam fora do país devem ter chance de jogar contra o Taiti. O técnico Vicente del Bosque pretende descansar seus titulares e preparou na última terça uma equipe com dez suplentes, sendo sete "gringos". A partida acontece nesta quinta-feira, às 16h (de Brasília), no Maracanã.
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